15/Out/2019
As negociações domésticas de trigo em grão seguem em ritmo lento. No geral, os vendedores estão atentos às colheitas no Paraná e no Rio Grande do Sul e, também, ao clima no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. A disparidade entre os preços indicados por compradores e vendedores é outro fator para a baixa liquidez no mercado interno. No campo, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita alcançou 76% da área total do Paraná até o dia 7 de outubro, avanço semanal de 6%. Quanto ao desenvolvimento das lavouras, 67% das lavouras apresentam condições boas, 26%, médias e 7%, ruins. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, 27% das lavouras estão em fase de desenvolvimentos vegetativo, 64%, em enchimento de grãos e 8%, em floração. A colheita atinge apenas 1% da área. O início da colheita no Rio Grande do Sul, por sua vez, está pressionando os valores ao produtor.
No Paraná, a queda é menos acentuada, uma vez que agentes indicam que a perda na produção no Estado deve ser expressiva e, assim, os vendedores estão focados no cumprimento de contratos. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram recuo de 0,1% no Paraná e de 3,12% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentam avanço de 0,2% no Rio Grande do Sul e de 0,1% em São Paulo, mas queda de 0,4% no Paraná. Nos Estados Unidos, as cotações futuras do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago, considerando-se o primeiro vencimento (dezembro/2019), registram alta de 3,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,08 por bushel (US$ 186,66 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Red Winter apresenta valorização de 3,8% no mesmo comparativo, a US$ 4,19 por bushel (US$ 154,14 por tonelada).
Os futuros estão sendo impulsionados pelo clima desfavorável no sul das Grandes Planícies dos Estados Unidos. As previsões são de chuva e neve, cenário que pode reduzir a taxa de germinação e atrapalhar o início do desenvolvimento da safra de inverno. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que a colheita do cereal de primavera havia alcançado 91% da área total do país norte-americano até o dia 6 de outubro, leve avanço de 1% em relação à semana anterior. Quantos às lavouras de inverno, 52% da área havia sido semeada até a data e 26% emergiram. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram alta de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 228,00 por tonelada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita de trigo segue no norte do país, com rendimento favorável.
No centro e sul da área agrícola argentina, a falta de chuvas e temperaturas abaixo dos níveis médios comprometeram o desenvolvimento da safra. Geadas generalizadas e granizo foram registradas em setores em que as culturas apresentaram melhor desempenho, prejudicando significativamente as condições destas lavouras. A estimativa de produção, que era de 21 milhões de toneladas, foi reduzida para 19,8 milhões de toneladas. Até o dia 9 de outubro, 62% das lavoras estavam entre normal e excelente, com piora de 11,9% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram de 66,8% para 60,4%, no mesmo comparativo. Segundo dados divulgados no 10 de outubro pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de trigo na safra 2019/2020 deve somar 765,23 milhões de toneladas, 4,8% superior ao da temporada anterior.
O consumo mundial do cereal pode crescer 2,5% e a relação estoque/consumo deve ser 38,3%. As transações mundiais devem totalizar 179,7 milhões de toneladas na atual temporada. Para o Brasil, em relatório divulgado também no dia 10 de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta reajuste negativo de 5,3% na produtividade em relação à safra anterior, a 2,52 toneladas por hectare. Quanto à produção nacional, a estimativa é de 5,14 milhões de toneladas, volume 5,1% inferior ao da temporada passada. Em relação ao relatório de setembro, a produtividade e a produção foram reduzidas em 4,6%. A previsão é de que o suprimento interno (estoque inicial + produção + importação) some 12,9 milhões de toneladas. O consumo doméstico foi mantido em 12,1 milhões de toneladas e as exportações, em 600 mil toneladas, com estoques finais (em julho/20) podendo ser de 204,4 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.