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08/Out/2019

Tendência de alta no custo de importação do trigo

O clima na Argentina e no Brasil tem sido o foco atual de agentes do setor tritícola. Na Argentina, a adversidade climática tem resultado em distinção entre as áreas produtoras. Assim, enquanto há regiões prejudicadas pela falta de chuvas, outras foram afetadas recentemente por geadas. A Bolsa de Rosário estima perda de produtividade entre 10% e 40%. Possíveis perdas na Argentina, por sua vez, podem prejudicar as negociações brasileiras, especialmente no repasse do custo do cereal importado ao grão nacionalizado e às farinhas. Por enquanto, o que se verifica é aquisições do trigo no mercado externo em linha com meses anteriores e maior competição entre Argentina, Estados Unidos e Rússia (que, inclusive, forneceu trigo ao Brasil em setembro). De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 2 de outubro, 73,8% da área da Argentina apresentava condições adequadas, 22,2%, ruins e 4%, muito ruins, contra, respectivamente, 82,5%, 16% e 1,5% na semana anterior.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em setembro/2019, chegaram aos portos brasileiros 492,2 mil toneladas de trigo, volume 1,2% superior ao de agosto/2019. O preço médio do trigo importado foi de R$ 959,74 por tonelada FOB, considerando-se o dólar a R$ 4,12 em setembro, 3,7% superior ao de agosto e o maior valor do ano, em termos nominais. Apesar de perder parcela da participação do mercado, a Argentina não deve deixar de fornecer trigo ao Brasil. Do volume importado, a maior parte ainda vem do país vizinho (71,9%), seguido dos Estados Unidos (15,4%), do Paraguai (8%) e da Rússia (3,9%). França e Líbano também estiveram entre os fornecedores, mas com volume pouco significativo. Vale ressaltar que o volume adquirido da Rússia teve como destino a Bahia. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB no Porto de Buenos Aires registram queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 227,00 por tonelada.

No Brasil, a colheita já alcança 70% da área total semeada no Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), sendo que 62% das lavouras apresentam condições boas. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, apesar de 5% das lavouras exibirem qualidades ideais para serem retiradas do campo, as atividades ocorrem apenas de forma pontual. Quanto aos preços internos, seguem enfraquecidos no Brasil, influenciados pela maior disponibilidade, diante da colheita no Paraná. No geral, a liquidez está um pouco maior, com maior volume transacionado entre os Estados da Região Sul do País. O valor do trigo pago ao produtor registra leve alta de 0,3% no Paraná, mas recuo de 0,11% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentam queda de 4,2% no Rio Grande do Sul, mas avanços de 0,4% no Paraná e de 0,8% em São Paulo.

As exportações do grão de trigo em grão saltaram de 51 toneladas em agosto, para 236 toneladas em setembro, sendo os principais destinos Japão, Bahamas, Malta, Chipre, Hong Kong, Libéria, Ilhas Marshall e Panamá. Nos Estados Unidos, os preços apresentam pouca variação. Relatos de vendas para a China, o enfraquecimento do dólar e o desempenho positivo do milho sustentam os valores. Por outro lado, a forte concorrência no mercado de exportação pressiona os futuros na Bolsa de Chicago. Desta forma, nos últimos sete dias, os futuros do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago, considerando-se o primeiro vencimento (dezembro/2019), registram valorização de 0,7%, a US$ 4,90 por bushel (US$ 180,23 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Red Winter apresenta recuo de 0,9%, a US$ 4,04 por bushel (US$ 148,44 por tonelada), no mesmo comparativo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.