10/Set/2019
As importações de trigo em grão e de farinhas recuaram em agosto. Esse cenário pode ter sido influenciado pela diminuição no ritmo de processamento doméstico, que já se mostra enfraquecido há alguns meses. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a moagem de trigo e a produção de derivados, de janeiro a julho (último dado disponível), está no menor patamar desde 2002 (início da série do IBGE de produção física industrial). Algum alívio pode vir da safra de trigo nacional, que deve favorecer o reabastecimento dos estoques e melhorar a competitividade dos derivados. As expectativas de produção inferior e de dólar fortalecido, no entanto, ainda devem ser um entrave aos moinhos e ao setor industrial brasileiro. Neste ambiente de menor processamento, as importações de trigo em grão também recuaram.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de julho/2019 para agosto/2019, as compras internacionais caíram 12,8%, totalizando 486,6 mil toneladas. No comparativo com agosto do ano passado, o volume recuou expressivos 23%. O preço médio do importado foi de R$ 925,53 por tonelada, FOB, considerando-se o dólar a R$ 4,03 em agosto. Do volume importado, a maior parte ainda teve como origem a Argentina, mas as participações do país vizinho e dos Estados Unidos e Uruguai diminuíram. Estes foram responsáveis por fornecerem 77,2%, 3,5% e 2,5%, respectivamente, do total adquirido. Canadá e Paraguai, por outro lado, forneceram volumes maiores do grão ao Brasil, correspondendo por 7,2% e 9,6%, na mesma ordem. As exportações do grão, por sua vez, caíram expressivamente e somaram pouco mais de 51 toneladas.
Enquanto isso, no mercado doméstico, os preços estão oscilando. De um lado, o avanço da colheita e a confirmação de quebra de safra no Paraná elevam os valores. De outro lado, a expectativa de produtores do Rio Grande do Sul de produtividade em linha com a da safra anterior pressiona os valores. Assim, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), as cotações do grão registram alta de 4,1% no Paraná e recuo de 0,7% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentam avanço de 2,9% no Rio Grande do Sul, mas queda de 1,4% no Paraná. No front externo, nos Estados Unidos, os futuros do trigo registram recuperação, tendo em vista a recompra de traders após as quedas em semanas anteriores. Assim, na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento do trigo Soft Red Winter registra alta de 2% nos últimos sete dias, a US$ 4,60 por bushel (US$ 164,11 por tonelada).
Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Red Winter apresenta baixa de 5,9% no mesmo período, a US$ 3,75 por bushel (US$ 137,88 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, registram queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 228,00 por tonelada. Neste caso, os agentes se fundamentam na expectativa de antecipação de oferta abundante, mas, à medida que a colheita se aproxima, o ritmo de comercialização vem perdendo força, fator que reflete em menores cotações no país vizinho. Em relação aos trabalhos de campo, segundo o Departamento de Economia Rural Deral/Seab), a colheita já alcançou 12% da área total do Paraná, avanço de 9% ante a semana anterior. O desenvolvimento dos cultivares apresenta leve declínio em relação às condições anteriores. Até o dia 2 de setembro, 51% das lavouras apresentam condições boas, 38%, médias e 11%, ruins. Na semana anterior, esses números eram de 55%, 35% e 10%, respectivamente.
No Rio Grande do Sul, até o momento, 59% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 32%, em floração e 9%, em enchimento de grão, ainda em linha com os dados da safra anterior. De modo geral, as lavouras apresentam bom aspecto, o que mantém a expectativa inicial de produtividade para a região. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o clima seco persiste na Argentina, atrasando o desenvolvimento do trigo, inclusive o enchimento de grãos. Na última semana de agosto, 85% das lavouras apresentavam condições entre normais e excelentes, contra 89,5% até a última semana de agosto. Nos Estados Unidos, a colheita do cereal de inverno já está finalizada. Em relação ao cultivo de primavera, a colheita alcançou 55% da área total, avanço de 17% em relação à semana anterior. Do que ainda não foi colhido, 92% estão em boas condições, 6% são classificadas como ruins e 2% estão em situação muito ruim. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.