03/Set/2019
As cotações domésticas do trigo oscilaram com certa força ao longo de agosto, mas fecharam o mês em alta. Do lado comprador, muitos estiveram retraídos, no aguardo de aumento na oferta com o início da colheita e de possíveis valores inferiores aos observados no primeiro semestre deste ano. Os vendedores, por sua vez, indicaram preços maiores por lotes remanescentes de trigo, atentos à produtividade e à qualidade do grão da temporada 2019/2020, que podem ser prejudicadas pelo clima desfavorável. No acumulado de agosto, as cotações do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registraram alta de 1,4% no Rio Grande do Sul, mas ficaram estáveis no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores subiram 1,9% no Paraná e 0,3% no Rio Grande do Sul; em São Paulo, houve estabilidade.
No front externo, o cenário é de desvalorização. O fortalecimento do dólar e a proximidade do término da colheita norte-americana pressionaram os valores. Neste caso, considerando-se as médias de julho e agosto, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociado na Bolsa de Chicago, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, recuaram expressivos 5,6% e 9,5%, respectivamente, a US$ 4,75 por bushel (US$ 174,68 por tonelada) e a US$ 3,98 por bushel (US$ 146,45 por tonelada), respectivamente. Na Argentina, a pressão vem da produção recorde. Os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, caíram 2,6% de julho para agosto, a US$ 237,76 por tonelada no último mês. Agentes têm expectativa de melhores oportunidades de comercialização, fundamentados no aumento do consumo global, tendo em vista que a Argentina pode disputar espaço com outros importantes exportadores.
No campo brasileiro, as lavouras têm se desenvolvido bem. O clima seco em agosto deixou os produtores em alerta, mas chuvas neste início de setembro deram certo alívio, visto que boa parte das lavouras está em períodos de floração e de frutificação, fases que exigem maior umidade no solo e que são determinantes para uma boa produção. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o encerramento de agosto, a colheita alcançava 3% da área. Os produtores reportam que a qualidade, até o momento, é inferior à esperada e preferem aguardar para comercializar os lotes da temporada 2019/2020. Das lavouras do Estado, 55% apresentam condições boas, 35%, médias e 10%, ruins. No Rio Grande do Sul, a colheita deve se iniciar neste mês. Até o momento, 69% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 27%, em floração e 4%, em enchimento de grão, em linha com os dados da safra anterior.
De modo geral, os produtores monitoram pragas e doenças, realizando o controle quando necessário. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o clima seco até o final de agosto na Argentina atrasou o desenvolvimento do trigo e dificultou a aplicação de fertilizantes. Na última semana de agosto, 89,5% das lavouras apresentam condições entre normais e excelentes, contra 92,5% até a terceira semana de agosto. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgados no dia 25 de agosto, a colheita do cereal de inverno no país está quase finalizada, restando apenas 4% no campo. Em relação ao cultivo de primavera, a colheita alcançou 38% da área total, rápido avanço de 22% em relação à semana anterior. Do que ainda não foi colhido, 94% estão em boas condições, 6% são classificadas como ruins e 1% está em situação muito ruim. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.