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06/Ago/2019

Mercado avaliando efeito das geadas sobre o trigo

O setor tritícola brasileiro avalia o impacto das geadas que atingiram o Paraná e o Rio Grande do Sul, maiores produtores de trigo do País, no último fim de semana. Segundo a Somar Meteorologia, o frio severo, com temperaturas negativas e eventual acúmulo de gelo, deve permanecer na região nos próximos dias. O setor produtivo do Paraná está preocupado com possíveis danos às lavouras, especialmente as que se encontram em fase de floração e frutificação. Geadas já haviam sido registradas no início de julho no Estado, o que resultou em perdas de 15% de produtividade na cultura, conforme dados divulgados pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral/Seab). O rendimento médio passou de 3,206 quilos por hectare na previsão de junho para 2,703 quilos por hectare na estimativa de julho. A região Centro-Sul está suscetível a novas perdas na produção.

No Rio Grande do Sul, onde a safra é cultivada mais tarde, os produtores avaliam que as baixas temperaturas são favoráveis às plantas que estão em desenvolvimento vegetativo, fase anterior a floração. A apreensão com possíveis perdas com o clima atinge a cadeia como um todo. Os negócios evoluem lentamente. Os produtores estão fora das negociações na expectativa de uma alta no preço do cereal. Mesmo se os danos forem registrados somente no Paraná, pode levar a uma perda expressiva na safra nacional, o que tende a gerar aumento nas cotações. A maior parte dos moinhos também está retraída dos negócios a fim de verificar a qualidade do cereal que será ofertado na próxima safra. No Paraná, na região dos Campos Gerais, os agentes estão retraídos. Os últimos negócios de sobras de semente haviam sido fechados na semana anterior, a R$ 950,00 por tonelada, para entrega imediata e pagamento em 30 dias.

Para a negociação antecipada da safra 2019, os compradores indicam entre R$ 750,00 e R$ 800,00 por tonelada, para entrega em outubro e novembro e pagamento 30 dias após a entrega. Na semana anterior, a indicação de compra estava entre R$ 700,00 e R$ 730,00 por tonelada. A alta do dólar e a percepção de que geadas causaram estragos em parte da produção contribuem para os preços mais altos. Os vendedores, entretanto, não aceitam negociar, atentos à possibilidade de novas geadas nas regiões sul e sudoeste do Paraná. No Rio Grande do Sul, embora os efeitos da geada possam ser menos nocivos às plantas, os negócios também são adiados por falta de interesse de comprador e vendedor. Os produtores estão esperando mais detalhes da real quebra na safra do Paraná e uma maior procura dos moinhos para garantia de estoques. Lotes pontuais são negociados em torno de R$ 800,00 por tonelada no spot, a ser retirado na Serra Gaúcha. Os valores dos contratos para entrega na próxima safra estão em queda por causa do baixo volume de negócios.

A indicação está entre R$ 600,00 e R$ 650,00 por tonelada FOB, enquanto na semana anterior, a indicação era R$ 700,00 por tonelada FOB interior do Estado. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os moinhos brasileiros compraram 85 mil toneladas de trigo norte-americano da safra 2019/2020 na semana entre os dias 19 e 25 de julho. Um importador de moinho da Região Nordeste relatou que o produto integra o lote total equivalente a quatro a cinco navios de cereal específico para uso na mescla da panificação que foram adquiridos pela indústria local. Trata-se de lotes de trigo melhorador. O preço estava mais atraente que o do cereal da Argentina e por isso a compra foi de um volume expressivo. De acordo com o sistema de Estatísticas de Comercio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), em junho (últimos dados disponíveis) o Brasil importou no mês 419,7 mil toneladas, volume 30,8% inferior ao reportado em igual mês do ano passado, de 584,9 mil toneladas.

O valor desembolsado com o produto do exterior recuou 24,9%. Em junho deste ano, a indústria gastou US$ 98,8 milhões com a aquisição do cereal. Entre as origens, a novidade está na aquisição de 4,2 mil toneladas de trigo do Líbano. A Argentina segue liderando as importações, com 386,6 mil toneladas. Paraguai e Uruguai também venderam trigo para o Brasil no mês de junho. No primeiro semestre do ano, a indústria moageira nacional importou 3,332 milhões de toneladas, 4% a mais que o adquirido do mercado externo nos primeiros seis meses de 2018, de 3,198 milhões de toneladas. No período, moinhos desembolsaram 22% a mais que em igual intervalo do ano anterior, gastando US$ 775,8 milhões com a aquisição do cereal externo. Sobre o trigo adquirido de países de fora do Mercosul, caso do cereal norte-americano, incide hoje Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%, mais 25% de adicional ao frete para renovação da Marinha Mercante.

Em virtude da proximidade, que se reflete nos custos de transporte, a maior parte do trigo norte-americano importado é adquirida por moinhos da Região Nordeste. A indústria nacional aguarda a regulamentação da cota de 750 mil toneladas anuais para entrada de cereal de fora do Mercosul com isenção de impostos de importação, anunciada pelo Ministério da Agricultura em março. Apesar de a medida não ser destinada especificamente ao cereal oriundo dos Estados Unidos, industriais do setor acreditam que a maior parte dessa cota será utilizada com importação de cereal norte-americano pelas características adequadas à mescla na panificação. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a medida tende a ser regulamentada pelo Ministério da Economia somente no início próximo ano. A entrada desse cereal sem TEC precisa ser autorizada e ter critérios regulamentados pelo governo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.