21/Mai/2019
Os preços do trigo em grão e dos derivados estão enfraquecidos no mercado brasileiro. Representantes de moinhos nacionais estão retraídos do mercado, indicando dificuldades no repasse dos custos da matéria-prima e dos fretes ao produto acabado. Esses demandantes alegam que as vendas tanto por parte das indústrias alimentícias como pelo varejo registram baixo ritmo, o que tem elevado os estoques e reduzido a necessidade de novas compras de grão no spot. Com isso, nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (ao produtor) registram recuo de 0,4% no Paraná e 0,2% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os valores apresentam avanço de 0,4% no Rio Grande do Sul e de 0,1% em Santa Catarina. Neste caso, as leves valorizações estão atreladas a negociações interestaduais, especialmente entre Rio Grande do Sul e Paraná. Em São Paulo e no Paraná, as cotações acumulam queda de 0,5% e 0,4%, respectivamente.
Enquanto o mercado spot segue lento, agentes estão realizando contratos a termo para o segundo semestre, o que não é comum neste setor. Para as entregas entre setembro e outubro de 2019, no oeste do Paraná, o valor médio de contratos no mercado de lotes é de R$ 819,00 por tonelada. Na região de Ponta Grossa, considerando-se as mesmas entregas, a média está em R$ 810,38 por tonelada. No Rio Grande do Sul, em Erechim, Ijuí, Passo Fundo e Santa Rosa, os valores estão entre R$ 700,00 e R$ 750,00 por tonelada, para entrega em outubro/2019. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 6 de maio, 46% da área de trigo havia sido plantada no Paraná. Do que está no campo, 43% estão na fase de germinação e 57%, em desenvolvimento vegetativo. Quanto às condições destas lavouras, 97% apresentam boa qualidade e 3%, média. No Rio Grande do Sul, os trabalhos de campo devem se iniciar ainda neste mês, mas, por enquanto, o clima chuvoso e úmido impede os trabalhos.
Agentes temem que a alta umidade dificulte o manejo químico do solo, o que poderia atrasar o semeio. Na Argentina, onde a colheita é tradicionalmente mais tardia que no Brasil, as cotações de contratos a termo também são baixistas. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, considerando-se entrega e pagamento para o primeiro mês de 2020, no Porto de Rosário, o preço médio está em US$ 166,06 por tonelada. Para entregas em julho 2019, mas, no Porto de Buenos Aires, o valor médio é de US$ 198,22 por tonelada. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agroindústria da Argentina, no spot, os valores FOB no Porto de Buenos Aires, no mesmo comparativo, registram alta de 0,9%, a US$ 218,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, por outro lado, os preços sobem com força. O atraso no semeio devido às condições climáticas desfavoráveis e maiores vendas externas dão sustentação aos valores no médio prazo.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que as exportações da safra 2018/2019 cresceram 26% em uma semana, somando 114,5 mil toneladas na semana passada. Assim, nos últimos sete dias, o contrato de vencimento Julho/2019 do Soft Red Winter registra forte alta de 9,5%, a US$ 4,65 por bushel (US$ 170,86 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, para o contrato de mesmo vencimento, o trigo Hard Winter apresenta valorização de 8,6%, a US$ 4,20 por bushel (US$ 154,42 por tonelada). Em relação aos trabalhos de campo nos Estados Unidos, o USDA reportou que, até o dia 12 de maio, 15% das lavouras do trigo de inverno apresentam condições excelentes, 77%, boas, 6%, ruins e 2%, muito ruins. O semeio do cereal de primavera chegou a 45% da área total, atraso de 9% frente ao mesmo período do ano passado. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.