07/Mai/2019
As importações brasileiras de trigo seguem intensas, mesmo com o preço médio do cereal elevado no mercado externo e, inclusive, superior às médias estaduais. Em abril, o preço do trigo importado atingiu o maior patamar desde outubro de 2018, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Esse cenário se deve à perda da qualidade da produção nacional de 2018. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), chegaram aos portos brasileiros 618,78 mil toneladas de trigo em abril. Do total adquirido, 81,8% vieram da Argentina, 5,7%, do Paraguai, 4,2%, do Canadá e Estados Unidos, 4,1% do Uruguai. Verifica-se que houve preferência de compra do grão de países de fora do Mercosul, tendo em vista que as aquisições na Argentina diminuíram no mês passado.
Na parcial do ano-safra (entre agosto/2018 e abril/2019), as importações somam 5,37 milhões de toneladas, contra 4,65 milhões de toneladas no período anterior (agosto/2017 a abril/2018). As exportações perderam ritmo em abril. Os embarques nacionais de trigo quase que zeraram, com queda de expressivos 98,6% de março para abril, somando apenas 1,75 mil toneladas. Ainda assim, no acumulado do ano-safra, foram embarcadas 588,71 mil toneladas de trigo, acima das 207,6 mil toneladas no mesmo período da temporada anterior. Com o dólar médio de R$ 3,90 em abril, a paridade foi de R$ 933,74 por tonelada FOB, acima dos R$ 901,44 por tonelada de março e de R$ 715,32 por tonelada de abril de 2018. Considerando-se os valores em dólares, o preço médio da importação foi de US$ 239,42 por tonelada FOB origens e o das exportações, de US$ 266,07 por tonelada FOB nos portos brasileiros.
No mercado doméstico, as cotações seguem em queda, devido à baixa liquidez. Vale ressaltar que, por enquanto, os maiores valores pagos ao cereal importado não influenciaram com intensidade nos preços internos. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo no mercado de balcão (valor pago ao produtor), de 0,8% no Rio Grande do Sul, 0,2% m Santa Catarina e 0,1% no Paraná. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os valores apresentam baixa de 0,8% no Paraná, 0,7% no Rio Grande do Sul e 0,5% em Santa Catarina. No cenário externo, os preços argentinos e norte-americanos também recuaram. Nos Estados Unidos, o contrato de vencimento Maio/2019 do Soft Red Winter apresenta queda de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 4,28 por bushel (US$ 157,26 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, para o contrato de mesmo vencimento, o trigo Hard Winter acumula desvalorização de 1,7% no período, a US$ 3,93 por bushel (US$ 144,40 por tonelada).
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram queda de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 218,00 por tonelada. Quanto às negociações para entrega e pagamento em julho de 2019, para o mesmo porto, os valores médios estão em US$ 197,86 por tonelada. No Brasil, os trabalhos de campo seguem em bom ritmo. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), haviam sido implantadas 11% da área de trigo no Paraná até o dia 29 de abril. Destas lavouras, 70% estão em germinação e 30%, desenvolvimento vegetativo. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 15% das lavouras do trigo de inverno do país apresentavam condições excelentes até o dia 29 de abril, 77%, boas, 6%, ruins e 2%, muito ruins. Quanto ao semeio do cereal de primavera, atingiu 13% da área total. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.