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19/Dec/2025

EUA: óleo cai com indefinição sobre biocombustíveis

Segundo a StoneX, a indefinição do governo dos Estados Unidos sobre as regras do programa de biocombustíveis está reduzindo a produção de diesel renovável, pressionando os preços do óleo de soja e aumentando a incerteza para o mercado da oleaginosa. As usinas norte-americanas de diesel renovável operam hoje bem abaixo da capacidade porque aguardam uma decisão final da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) sobre o volume obrigatório de mistura de biocombustíveis. Enquanto não houver clareza nas regras, ninguém vai produzir além do mínimo necessário. O atraso já causa impacto nos preços. O óleo de soja caiu para o menor nível em seis meses, refletindo a frustração do mercado com a demora da EPA.

Embora o governo norte-americano tenha apresentado uma proposta considerada positiva há meses, ela ainda não virou regra definitiva, o que mantém o setor em compasso de espera. A EPA precisa decidir três pontos centrais. O primeiro é se as isenções concedidas a pequenas refinarias serão compensadas com metas maiores para as refinarias grandes. Hoje, a exigência de mistura equivale a cerca de 7,1 bilhões de créditos. Se a compensação for total, esse número pode subir para perto de 8,8 bilhões. O segundo ponto envolve o uso de matérias-primas importadas. A proposta atual concede apenas metade do crédito quando o combustível é produzido com insumos estrangeiros, como óleos vegetais importados. A indústria pressiona por crédito integral, alegando risco de falta de matéria-prima.

Se o setor fala em escassez de insumo, é porque a demanda potencial é grande. O terceiro fator é o momento da decisão. Inicialmente, o mercado esperava uma definição ainda em 2025. A paralisação parcial do governo norte-americano atrasou o processo e, agora, a EPA indicou que a decisão deve sair apenas no primeiro trimestre de 2026. Quando a agência fala em primeiro trimestre, e não em janeiro, isso gera ainda mais dúvida. Essa incerteza afeta diretamente o balanço da soja nos Estados Unidos. A demanda norte-americana depende basicamente de dois fatores: exportações e esmagamento. O esmagamento, por sua vez, está cada vez mais ligado ao uso do óleo de soja como matéria-prima para combustíveis renováveis.

O futuro do óleo de soja está muito mais ligado ao diesel renovável do que ao consumo alimentar. Apesar do recuo recente, o esmagamento norte-americano no início do ano comercial continua forte. O ritmo acumulado supera em cerca de 25 milhões de bushels o necessário para cumprir a meta do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A StoneX estima que, no total do ciclo, o esmagamento possa ficar até 90 milhões de bushels acima da projeção oficial. As exportações tendem a decepcionar. Mesmo que a China cumpra a promessa de comprar 12 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos neste ano comercial, o volume total exportado deve ficar abaixo do previsto pelo USDA.

A capacidade de esmagamento dos Estados Unidos deve se aproximar de 3 bilhões de bushels em 2026, mas dificilmente será totalmente utilizada. Paradas para manutenção e, principalmente, a indefinição regulatória limitam o uso das plantas. Se a decisão da EPA demorar até o fim do primeiro trimestre, a produção de diesel renovável pode seguir fraca por mais alguns meses, segurando a demanda por óleo de soja. Caso a regra saia antes e seja considerada favorável, o esmagamento pode superar a projeção oficial em até 150 milhões de bushels. Isso poderia reduzir os estoques finais norte-americanos para perto de 200 milhões de bushels.

Isso não garante alta imediata de preços, porque o Brasil deve colher uma safra grande, mas reduz bastante a margem de erro se houver problema climático. No curto prazo, o mercado acompanha também o avanço da safra sul-americana. A colheita começa no fim de dezembro em Mato Grosso, ganha força em janeiro e deve chegar com volumes mais relevantes aos portos chineses a partir de março. Até lá, a China tem recorrido a leilões semanais de estoques internos e diluído ao longo de meses os embarques da soja comprada nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.