16/Dec/2025
Segundo o Itaú BBA, o mercado de derivados da soja encerra o ano com forças opostas atuando sobre farelo e óleo, refletindo choques distintos de oferta e demanda ao longo da cadeia global de esmagamento. Enquanto o farelo encontrou sustentação com restrições temporárias de produção nos Estados Unidos, o óleo segue pressionado no Brasil pela ampla disponibilidade interna e pela indefinição sobre o avanço da demanda ligada aos biocombustíveis. Em novembro, o farelo de soja negociado na Bolsa de Chicago registrou valorização expressiva de 13,1%, alcançando US$ 319,00 por tonelada. O movimento foi impulsionado por paradas e manutenções em plantas de esmagamento nos Estados Unidos, que reduziram a oferta imediata do derivado e deterioraram as margens de processamento diante da valorização do grão. O efeito foi rapidamente transmitido ao mercado brasileiro, com alta de 8% em Rondonópolis (MT), onde o farelo passou a ser negociado a R$ 1.547,00 por tonelada.
No início de dezembro, os contratos na Bolsa de Chicago passaram a recuar, movimento que, em condições normais, abriria espaço para correções no mercado interno. No entanto, a valorização do dólar praticamente anulou a pressão baixista vinda da bolsa norte-americana. Os recuos nos contratos de farelo na Bolsa de Chicago no início de dezembro reduziram a paridade de exportação. Em condições normais, esse movimento abriria espaço para ajustes baixistas no mercado interno. No entanto, a valorização do dólar praticamente neutralizou a pressão de baixa vinda da bolsa norte-americana. A demanda doméstica por farelo segue relativamente estável, em parte porque os compradores se anteciparam e garantiram volumes para o fim de 2025 e o início de 2026. Ainda assim, o bom desempenho das exportações nos últimos meses foi determinante para reduzir o excesso de oferta acumulado no segundo semestre, evitando quedas mais intensas mesmo em momentos de maior pressão externa.
No mercado de óleo de soja, o cenário permanece mais desafiador. Após três meses consecutivos de queda, o derivado teve leve alta de 0,4% em novembro na Bolsa de Chicago, para 50,40 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, porém, o movimento foi inverso: as cotações recuaram cerca de 4% em Mato Grosso, para R$ 6.369,00 por tonelada, refletindo a boa disponibilidade interna e a ausência de um gatilho adicional de demanda no curto prazo. A trajetória do óleo segue fortemente condicionada às decisões de política energética. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a projeção de esmagamento recorde no país em 2025/2026, estimada em 69,54 milhões de toneladas, mesmo com a retração das margens nos últimos meses. A definição das metas de combustíveis renováveis e das possíveis isenções, esperada para o início de 2026, será decisiva para o comportamento da demanda por óleo de soja.
No cenário internacional, chama atenção a redução permanente das alíquotas de exportação anunciada pelo governo argentino. A taxa da soja caiu de 26% para 24%, enquanto os subprodutos passaram de 24,5% para 22,5%, medida que busca fortalecer a competitividade da agroindústria, responsável por cerca de 60% das exportações do país. A decisão tende a ampliar a oferta de farelo e óleo no mercado global, intensificando a concorrência nos próximos meses. O curto prazo segue mais favorável ao farelo, sustentado por restrições pontuais de oferta e demanda relativamente firme. O óleo permanece dependente de definições regulatórias e do ritmo de expansão do biodiesel, o que tende a manter o mercado mais sensível a decisões de política energética do que aos fundamentos agrícolas tradicionais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.