15/Dec/2025
Segundo a StoneX, o atraso nas compras de soja pela China mantém a demanda global sob incerteza e limita a visibilidade do mercado para 2026. O acordo comercial anunciado entre Estados Unidos e China em outubro ainda não se traduziu em volumes suficientes para cumprir as metas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Para o mercado acreditar, é preciso ver essas 12 milhões de toneladas acontecerem. Hoje, há grande atraso. De acordo com dados do USDA, até meados de novembro, as vendas norte-americanas de soja estavam cerca de 10 milhões de toneladas abaixo do volume registrado no mesmo período da safra anterior. O compromisso anunciado pelo governo norte-americano previa compras chinesas de 12 milhões de toneladas de soja até o fim de 2025 e de 25 milhões de toneladas por ano nos três anos seguintes.
A China, no entanto, nunca confirmou oficialmente esses números. Desde então, o próprio governo norte-americano passou a tratar o prazo de forma mais flexível, estendendo a meta para o atual ano-safra, que vai de setembro a agosto. Mesmo que a China feche contratos agora, a entrega da soja tende a ocorrer de forma gradual ao longo do ano-safra. Não é realista imaginar que toda essa soja seja embarcada de uma vez. As entregas costumam ser diluídas no tempo. Esse fator reduz o impacto imediato das compras sobre o balanço de oferta e demanda. A indefinição aumenta as dúvidas sobre o comportamento da China em 2026, especialmente diante do histórico de baixo cumprimento de acordos comerciais. No acordo de Fase 1, firmado no primeiro mandato de Donald Trump, a China cumpriu pouco mais da metade dos volumes anunciados.
Esse histórico pede cautela. Se a China cumprir, ajuda o mercado. Se não, o efeito pode ser neutro ou até negativo. Embora o foco esteja na soja, a China também negocia a inclusão de outros produtos agrícolas no acordo. Pequenos volumes de trigo e sorgo já foram comprados, mas ainda não há sinal claro de compras relevantes de milho. Mesmo assim, existe espaço para importações adicionais, a depender do real nível dos estoques chineses. Há divergência entre os números do USDA e os dados oficiais da China sobre produção e consumo de milho. Enquanto os norte-americanos indicam queda de estoques, a China trabalha com cenário mais confortável. As reservas chinesas são um segredo de Estado. Não se sabe exatamente o que está por trás desses números.
Ainda assim, a China pode recorrer ao mercado internacional se quiser recompor estoques. Para 2026, a demanda chinesa continuará sendo o principal fator de ajuste para a soja, especialmente em um cenário de oferta global elevada. Com muita soja disponível, o mercado precisa da China comprando de forma consistente para sustentar os preços. Além da China, decisões do governo norte-americano sobre biocombustíveis e o comportamento do clima também devem influenciar o mercado no próximo ano. No entanto, essas definições ainda estão em aberto e só devem ganhar clareza nas próximas semanas ou meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.