15/Dec/2025
Segundo a Consus Ag Consulting, o leilão de soja realizado pela China na semana passada voltou a levantar dúvidas no mercado sobre o real nível dos estoques do país e sobre a qualidade do grão disponível. A estatal SinoGrain ofertou cerca de 512 mil toneladas de soja de seus estoques e vendeu aproximadamente 379 mil toneladas, o equivalente a 78% do volume disponibilizado. Para um leilão de soja importada, foi uma demanda relativamente boa. O resultado chama atenção porque ocorre poucas semanas após autoridades chinesas indicarem que os estoques nos portos estavam elevados, próximos de um nível considerado excessivo. Isso leva a uma pergunta básica: se há tanta soja disponível, por que liberar produto das reservas? Uma das explicações pode estar ligada à logística, com necessidade de levar soja a regiões específicas do país.
Outra hipótese envolve qualidade. Parte do grão disponível na China pode ter origem na Argentina, cuja qualidade vem sendo questionada pelo mercado. Nesse cenário, a liberação de soja norte-americana das reservas permitiria misturar cargas e elevar o padrão do produto entregue às indústrias. A China já faz esse tipo de mistura hoje com milho e trigo para melhorar a qualidade. Ver isso acontecer também com a soja não seria surpresa, principalmente quando se olha para a qualidade de parte do produto que vem da América do Sul. Recentemente, cerca de cinco navios com soja do Brasil foram rejeitados pelas autoridades chinesas. A China está ficando mais exigente com qualidade, e isso acaba favorecendo os exportadores dos Estados Unidos.
Além do movimento da China, destaque também para revisão mais recente das estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira de soja 2025/2026, que projetou produção de 177,1 milhões de toneladas, após reduzir a estimativa em cerca de 500 mil toneladas em relação ao mês anterior. Apesar do ajuste, o volume segue elevado e mantém o Brasil com ampla oferta, caso o cenário recorde para o ciclo se confirme. Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trabalha com 175 milhões de toneladas para o Brasil. Apesar de os relatórios oficiais indicarem boas condições das lavouras no Brasil, relatos de campo apontam sinais de estresse em algumas regiões. Esses relatos ajudam a explicar as revisões mais cautelosas para a safra brasileira. A colheita deve começar no Brasil em três ou quatro semanas, e isso vai ajudar a dar mais clareza sobre o tamanho real da safra e o ritmo das exportações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.