11/Dec/2025
Segundo a AgResource Company, o mercado de soja perdeu confiança na promessa do governo norte-americano de que a China compraria 12 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos após o país asiático ter estendido o prazo de compra até o fim da safra, sem definir uma data clara. A China comprou cerca de 4 milhões de toneladas até agora, restando 8 milhões de toneladas que podem ser distribuídas ao longo dos próximos oito ou nove meses. As metas estão mudando o tempo todo. O mercado está perdendo a confiança de que a China realmente comprará 12 milhões de toneladas em algum momento do futuro próximo. A incerteza sobre as compras chinesas continua pressionando as cotações e levando à retirada dos prêmios de risco do mercado. O relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de dezembro, veio "extremamente monótono", indicando ausência de novidades relevantes para o mercado.
Os dados mais recentes de exportação dos Estados Unidos mostram um descompasso crescente entre o que o USDA projeta e o ritmo efetivo de vendas. Na semana encerrada em 6 de novembro, os exportadores norte-americanos venderam o equivalente a 490 mil toneladas de soja, abaixo do 1,25 milhão de toneladas da semana anterior. Apesar do volume semanal, o conjunto de compromissos firmados até essa data cobre apenas 40% da meta anual do USDA, que projeta exportações próximas de 44,5 milhões de toneladas. Pelas contas da AgResource, o atual ritmo de vendas apontaria para exportações anuais em torno de 35 milhões de toneladas, deixando um hiato relevante em relação à estimativa oficial. Para que a projeção do USDA se confirme, os exportadores norte-americanos teriam de vender entre 10,9 milhões e 11,4 milhões de toneladas de soja entre 6 de novembro e 1º de janeiro.
A China respondeu por cerca de 4 milhões de toneladas desse total. Não se sabe de onde viria o restante e são apenas algumas semanas para isso acontecer. Quando a China começou a comprar soja dos Estados Unidos, o restante do mundo voltou a comprar do Brasil, que passou a oferecer produto para janeiro e fevereiro a preços iguais ou inferiores aos dos norte-americanos. Quase imediatamente, compradores não tradicionais mudaram dos Estados Unidos para a América do Sul. No mercado futuro, os fundos gerenciados mantinham posição comprada de 179 mil contratos no início de novembro, um volume semelhante ao observado em ciclos altistas como os de 2012, 2021 e 2022. A liquidação desse volume tem dominado a formação de preços da soja na última semana. No mercado de farelo, os fundos reverteram completamente a posição vendida: compraram 135 mil contratos nas últimas quatro semanas e passaram a exibir posição líquida comprada de 13 mil contratos.
Sobre a América do Sul, o quadro climático está melhorando. O La Niña está chegando ao fim e há previsão de aumento das chuvas na Argentina. Não se espera calor e secura prolongados se estabelecendo na Argentina. A umidade do solo é considerada abundante em 70% a 80% do cinturão agrícola argentino. Os principais modelos meteorológicos indicam precipitações neste fim de semana e a retomada de um padrão úmido após 20 de dezembro. As eventuais ameaças climáticas na América do Sul ficam agora deslocadas para janeiro e restritas à Argentina e à Região Sul do Brasil. Com a colheita brasileira próxima e sem sinais de estresse climático relevante, a AgResource mantém postura defensiva. Não há escassez de farelo proteico, óleos vegetais, grãos para ração ou alimentos. Isso vai desafiar as altas. Foi reiterada a necessidade de gestão de risco pelos participantes do mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.