10/Dec/2025
O Ministério da Economia da Argentina anunciou nesta terça-feira (09/12) uma nova redução permanente nos impostos de exportação para a cadeia de grãos e subprodutos. A medida busca aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário, considerado pelo governo como um dos principais motores da economia local. A partir da decisão, a alíquota sobre a soja passará de 26% para 24%, enquanto os subprodutos da oleaginosa terão redução de 24,5% para 22,5%. Para o trigo e a cevada, a taxa cairá de 9,5% para 7,5%. O milho e o sorgo terão um ajuste de 9,5% para 8,5%, e o girassol passará de 5,5% para 4,5%. A eliminação dos impostos é uma prioridade do presidente Javier Milei e o governo continuará avançando nessa direção conforme as condições macroeconômicas permitirem. Este passo busca melhorar a competitividade da agroindústria, responsável por cerca de 60% das exportações argentinas.
O anúncio ocorre em um momento de queda na receita cambial do setor. Segundo dados da Câmara da Indústria Oleaginosa da República Argentina (Ciara) e do Centro de Exportadores de Cereais (Cec), a receita com exportações de grãos e derivados somou US$ 759,7 milhões em novembro, um recuo de 62% em comparação ao mesmo mês de 2024 e de 32% ante outubro. A medida também pretende acalmar o setor produtivo. Em janeiro de 2025, o governo havia aplicado uma redução temporária das alíquotas da soja de 33% para 26%, válida até 30 de junho. Com o fim do prazo, as taxas retornaram automaticamente ao nível de 33%, causando insatisfação e incerteza entre os exportadores sobre o rumo da política fiscal. Segundo análise da Bolsa de Comércio de Rosário A redução permanente nos impostos de exportação, popularmente conhecida como 'retenciones', anunciada nesta terça-feira (09/12) pelo governo argentino deve elevar o poder de compra das tradings no mercado interno e apoiar os preços pagos aos produtores.
A medida beneficia principalmente a cadeia da soja, cuja alíquota caiu de 26% para 24%, enquanto farelo e óleo passaram de 24,5% para 22,5%, reforçando a competitividade dos derivados, que lideram a pauta exportadora do País. Uma redução nos direitos de exportação implica maior poder de compra por parte do setor exportador, o que resulta em preços mais altos no mercado interno. O caráter permanente da medida adiciona previsibilidade à formação de preços, em contraste com ajustes temporários adotados anteriormente. No trigo, a Argentina colhe uma safra considerada histórica, com produtividades que se aproximam de 6 toneladas por hectare nas regiões de melhor desempenho, nível observado apenas três vezes em 56 anos de levantamento oficial. A estimativa inicial de 24,5 milhões de toneladas deve ser revisada para cima à medida que a colheita avança. Mesmo com o resultado excepcional, os preços recuaram aos menores patamares em cinco anos, pressionados pela ampla oferta global.
Canadá, Austrália, Rússia e França também colhem volumes robustos, e a produção mundial deve novamente superar 800 milhões de toneladas. No mercado argentino, as cotações caíram de US$ 180,00 por tonelada para US$ 161,00 por tonelada na Bolsa de Rosário, movimento influenciado pela concentração da oferta em curto período e pelo baixo nível de vendas antecipadas. O país se tornou a origem mais barata entre os principais exportadores globais. A logística adiciona pressão. A Argentina exportou 2 milhões de toneladas de soja em novembro, recorde para o mês. Para dezembro, o line-up indica 900 mil toneladas, acima do recorde anterior de 870 mil toneladas. A chegada simultânea do trigo aos portos intensifica a disputa por espaço e gera custos adicionais. O sistema logístico está sobrecarregado com uma colheita de trigo e soja em nível recorde para dezembro, criando um gargalo completo.
No cenário internacional, a redução das alíquotas pode ser interpretada como fator baixista para Bolsa de Chicago, já que tende a ampliar a oferta exportável argentina. O efeito é reforçado pela sinalização do indicado ao Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, de que compras chinesas de 12 milhões de toneladas de soja devem ser postergadas de janeiro para fevereiro. A Bolsa de Rosário aguarda a divulgação oficial dos detalhes da medida para avaliar os impactos sobre a comercialização e a formação de preços. O mercado acompanha de perto os ajustes nas cotações internas e a reação das bolsas internacionais nos próximos dias. A Bolsa de Cereais e de Comércio da Argentina celebrou a decisão do governo de reduzir permanentemente os Direitos de Exportação para os principais complexos agroindustriais.
As entidades classificaram a medida como um "passo chave" para a competitividade do setor e afirmaram que a ação está alinhada à necessidade de reduzir a carga tributária. Este novo passo, que reafirma o caminho para a eliminação definitiva deste imposto, contribui para melhorar a competitividade, promover o investimento e gerar condições mais favoráveis para o desenvolvimento de toda a cadeia agroindustrial. Foi reafirmado o compromisso com uma agenda que impulsione maior previsibilidade e regras claras para o crescimento sustentável da produção. A medida chega em um momento de queda na arrecadação do setor, com as receitas de exportação recuando 62% em novembro na comparação anual, e visa mitigar a insatisfação gerada após o fim da redução temporária de impostos que vigorou no primeiro semestre de 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.