09/Dec/2025
Segundo estudo da American Soybean Association (ASA), os produtores de soja dos Estados Unidos devem encerrar 2025 com o terceiro ano consecutivo de prejuízo, pressionados por custos elevados e preços mais baixos. A análise projeta perda líquida próxima de US$ 220,00 por hectare na safra atual, no período mais prolongado de margens negativas desde 1998 a 2002. Quando a colheita começou, os preços futuros para novembro estavam 25% a 30% abaixo dos níveis de 2022, reduzindo a capacidade dos agricultores de cobrirem os gastos acumulados. Os preços à vista da soja permanecem abaixo do custo de equilíbrio desde o início de 2024, indicando que o ganho de produtividade não tem compensado o avanço dos insumos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que os custos totais da produção agrícola chegarão a US$ 467,4 bilhões neste ano, alta de US$ 12 bilhões ante 2024. Cinco grupos de insumos: terra, máquinas e reparos, sementes, pesticidas e fertilizantes, concentram 83% do custo total de produção por hectare.
Os preços desses insumos permanecem elevados mesmo quando os preços das commodities caem, o que cria um ambiente de rigidez e dificulta a redução do custo de produção. Entre 2021 e 2023, a recuperação da receita agrícola elevou novamente as despesas e, mesmo com a queda da soja em 2024 e 2025, os custos continuaram em alta. As tarifas sobre insumos importados tornaram-se fator adicional de pressão. A taxa média incidente sobre produtos agrícolas passou de menos de 1% para 9,4% após medidas adotadas com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional. Herbicidas enfrentam tarifa efetiva próxima de 16%, ante 5% a 6% anteriormente, e pesticidas especializados importados da Índia pagam carga próxima de 44%. Os Estados Unidos dependem de importações para cerca de 35% dos fertilizantes e para aproximadamente metade dos ingredientes ativos usados em pesticidas. A oferta doméstica também perdeu força.
As importações de fosfatos recuaram 32% até agosto de 2025, e as de potássio caíram 6%, segundo o Instituto de Fertilizantes. A produção interna de fosfato encolheu 5,1% desde 2006, afetada por eventos climáticos e pela queda da qualidade da rocha fosfática. Para o produtor, isso se traduz em menos alternativas de fornecimento e maior custo final. O ambiente regulatório é outro ponto sensível. O desenvolvimento de um novo pesticida demanda, em média, 12,3 anos e US$ 301 milhões, segundo parâmetros de 2019. Para novas características de sementes, o ciclo chega a 16,5 anos, ao custo de US$ 115 milhões. Os processos de aprovação mais longos aumentam o capital em risco e retardam a disseminação de tecnologias que poderiam elevar a produtividade. As máquinas agrícolas também ficaram mais caras. Estimativas da Universidade de Illinois mostram que operar um trator de 310 cavalos custa US$ 255,80 por hora em 2025, ante US$ 181,10 por hora em 2021.
A colheita de soja passou de US$ 32,70 por hora em 2019 para US$ 47,60 por hora. Um trator de US$ 500 mil, que antes entrava no país sem imposto, agora paga tarifa de 16%. As taxas de juros reforçam o quadro. Desde 2022, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve juros elevados para conter a inflação, pressionando especialmente os empréstimos de custeio. Com preços baixos e incerteza comercial, os produtores que adiam vendas para buscar valores melhores acabam expostos a custos financeiros maiores. O estudo conclui que a combinação de tarifas, dependência externa de insumos, regulações mais complexas, juros elevados e rigidez dos custos formou um ambiente no qual as despesas não recuam mesmo após a queda da receita. Com o crescimento da oferta global, especialmente no Brasil, a o controle de custos será decisivo para a competitividade dos produtores norte-americanos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.