08/Dec/2025
Segundo levantamento divulgado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o sistema financeiro respondeu por 35,42% do custeio da soja em Mato Grosso na safra 2025/2026, alta de 5,04% ante o ciclo anterior, enquanto as revendas de insumos perderam espaço diante de falências e recuperações judiciais que fragilizaram o segmento. O custeio total alcançou R$ 54,39 bilhões, aumento de 8,2% sobre os R$ 50,27 bilhões da temporada 2024/2025. O avanço dos bancos decorre da atualização metodológica do relatório de funding 2024/2025, que passou a incluir as linhas próprias dos bancos privados, além do redirecionamento da demanda pelo encarecimento das linhas federais. Ainda assim, essa expansão ocorreu em um ambiente de risco elevado e sob exigências regulatórias mais robustas para mensuração da perda esperada.
As instituições operaram com maior seletividade, reforçando garantias e ampliando o uso da alienação fiduciária, modalidade em que o devedor transfere a propriedade de um bem ao credor como forma de assegurar o pagamento. Os recursos oficiais federais, via Plano Safra, responderam por 5,07% do total, recuo de 3,59% ante 2024/2025. A queda reflete taxas de juros mais elevadas, maior seletividade na liberação dos programas equalizados e ambiente de risco agravado. As revendas participaram com apenas 5,25% do custeio, retração de 6,20%. Esse recuo decorre da piora das condições financeiras desse segmento, marcada pelo aumento de falências, pela elevação dos pedidos de recuperação judicial e pela menor capacidade de absorção de risco. Esse enfraquecimento abriu espaço para multinacionais e tradings, que responderam por 30,74%, avanço de 1,89%, mantendo-se como a segunda maior fonte. Esses agentes absorveram parte da demanda deixada pelas revendas, apoiados por maior robustez financeira.
Esse movimento consolidou estratégias comerciais baseadas em trocas, contribuindo para mitigar o risco operacional. O autofinanciamento atingiu 23,51%, alta de 2,84%. O crescimento indica maior utilização de capital próprio, mas parte desse montante pode refletir operações à vista lastreadas na produção da safra 2024/2025 para aquisição de insumos da safra 2025/2026. Esse mecanismo, contabilizado como autofinanciamento, reduz a liquidez efetiva disponível nas propriedades. A área plantada na safra 2025/2026 está estimada em 13,01 milhões de hectares, expansão de 1,67%. O crescimento mais contido reflete um cenário de margens pressionadas, marcado por preços pouco atrativos, custos de produção elevados e taxas de juros em patamares altos. O custeio médio por hectare atingiu R$ 4.181,26, avanço de 7,08% influenciado pela elevação nos dispêndios com fertilizantes, alta de 9,36%, e defensivos, aumento de 4,73%. Serviços registraram crescimento de 16,22%, a maior variação relativa.
Sementes recuaram 10,47%, único item com retração. Para a safra 2026/2027, a primeira estimativa do projeto de Custo de Produção Agropecuário de Mato Grosso indica redução de 0,54% nos custos, influenciada pela queda nos preços de sementes e fertilizantes, especialmente macronutrientes. Alguns insumos já apresentam aquisição antecipada no Estado, refletindo expectativas de menor custo. As perspectivas apontam para um cenário mais desafiador, considerando a menor disponibilidade de recursos próprios dos produtores e a necessidade crescente de participação do sistema financeiro. O aumento dos índices de inadimplência e o maior número de recuperações judiciais no setor tendem a elevar a cautela das instituições financeiras, podendo resultar em condições mais restritivas. Instrumentos como a Cédula do Produtor Rural seguem essenciais para viabilizar o custeio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.