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28/Nov/2025

China suspende compras de 5 unidades brasileiras

A China suspendeu a importação de uma carga de 69 mil toneladas de soja brasileira e paralisou as compras de cinco unidades de processamento no País após detectar trigo com defensivos misturado aos grãos no navio "Shine Ruby". A decisão da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC), válida a partir desta quinta-feira (27/11), atinge plantas da Cargill, Louis Dreyfus e CHS em São Paulo, e da 3tentos no Rio Grande do Sul. O órgão classificou o incidente como uma "infração grave" por causa da presença de 10 toneladas de trigo tratado com revestimento químico tóxico. O Ministério da Agricultura confirmou a notificação e afirmou que o governo analisará o caso, mas ressaltou a necessidade de relativizar a situação frente ao total de 2 mil estabelecimentos habilitados para exportação.

Segundo a Pine Agronegócios, a suspensão pela China de cinco unidades exportadoras de soja no Brasil não representa risco ao fluxo comercial entre os dois países. O episódio foi ampliado de forma desproporcional em grupos de mensagens do setor. Grupos de WhatsApp voltados ao agro começaram a republicar o caso como se fosse uma crise sanitária, um risco comercial ou até uma suspensão ampla das exportações brasileiras. Não é nada disso. A informação sobre a suspensão foi divulgada inicialmente pela Folha de São Paulo. O bloqueio ocorreu após inspeção identificar cerca de 10 toneladas de trigo tratado com defensivos não permitidos no mercado chinês em meio a 69 mil toneladas de soja no navio Shine Ruby.

O caso envolve um episódio localizado e as cinco unidades suspensas representam 0,25% do total de mais de 2 mil plantas habilitadas a embarcar soja para a China. A China não suspendeu as exportações de soja do Brasil, nem ameaçou fazer isso. Episódios de contaminação cruzada fazem parte do protocolo de vigilância chinês e não são novidade no comércio internacional. O Ministério da Agricultura afirmou que o caso será investigado, mas relativizou o impacto. A GACC classificou o evento como infração grave às normas chinesas de segurança alimentar. No documento enviado ao Brasil, a autoridade chinesa afirma que o revestimento químico utilizado no trigo é tóxico e destinado exclusivamente ao plantio, não ao consumo humano ou animal.

O trigo brasileiro não está habilitado para exportação à China, o que reforçou a violação das regras comerciais e sanitárias. O mercado físico não registra impacto e a relação comercial permanece estável. Para o mercado físico, não há impacto. No comercial, é um episódio isolado e na relação com a China, isso não move o ponteiro. O ponto a observar é operacional: reforçar inspeções internas, protocolos de limpeza e separar cargas de diferentes produtos quando houver risco sanitário. A China é o maior comprador da soja brasileira, tendo respondido pela importação de US$ 31,5 bilhões em grãos em 2024, o equivalente a 73% da soja exportada pelo Brasil. Entre janeiro e outubro deste ano, essa participação aumentou para 78%, com movimentação de US$ 31,6 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

Segundo a 3tentos, a suspensão temporária de uma unidade da empresa pela China não afeta as suas operações. A companhia tem 73 unidades e apenas 1 foi suspensa pelas autoridades chinesas. A empresa tem contraprovas relativas à origem da soja exportada e apresentará a rastreabilidade completa para reabilitar a planta. A 3tentos utilizou soja de Mato Grosso no terminal portuário onde ocorreu a contaminação. Não há trigo no Estado que possa causar isso. O terminal é utilizado por dezenas de empresas e cargas de diferentes origens são reunidas antes do embarque. Não necessariamente se sabe qual é a soja que está dentro do navio. Todas as empresas usuárias precisarão demonstrar rastreabilidade porque as cargas são misturadas durante o processo de exportação. A reabilitação da unidade suspensa seguirá um procedimento comum no setor. Tem um roteiro pré-estabelecido. Não é uma coisa incomum de acontecer. Fontes: Folha de São Paulo e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.