19/Nov/2025
Segundo a consultoria AgResource, as compras de soja dos Estados Unidos pela China não fazem sentido econômico e geram prejuízo direto ao governo chinês. A operação é totalmente política e não reflete a demanda real do setor privado. O governo, ao comprar soja dos Estados Unidos, está perdendo cerca de US$ 1,10 a US$ 1,20 por bushel. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou venda de 792 mil toneladas para a China, volume equivalente a 14 a 18 navios saindo pelo Golfo e pelo noroeste do Pacífico, com entrega entre abril e maio de 2026. A indústria privada chinesa prefere a soja sul-americana pelo custo. O esmagador privado está se movendo para a América do Sul. O diferencial reforça essa migração. Na sexta-feira (14/11), a Bolsa de Chicago subiu US$ 0,30 por bushel, enquanto os prêmios no Brasil recuaram entre US$ 0,15 e US$ 0,25. Para fevereiro, a soja brasileira está sendo ofertada de US$ 1,30 a US$ 1,40 abaixo dos preços do Golfo. Compradores europeus e de outras regiões devem substituir cargas norte-americanas por brasileiras.
A China também enfrenta estoques altos e receio de perdas ao vender soja antiga num mercado interno com proteína animal barata e ampla oferta de farelo e óleo. A moagem norte-americana atingiu 6,2 milhões de toneladas em outubro, recorde histórico segundo a Nopa, associação que representa as indústrias de processamento de oleaginosas dos Estados Unidos. O resultado levou a AgResource a elevar sua estimativa de esmagamento, projetando cerca de 680 mil toneladas adicionais e ficando aproximadamente 410 mil toneladas acima da projeção do USDA. As margens estão intactas. É um recorde histórico, cerca de 760 mil toneladas acima do ano passado. O avanço é sustentado pela maior demanda por óleo de soja para produção de biocombustíveis, favorecida pela política 45Z, que desestimula matérias-primas importadas. O consumo interno de óleo bateu 2,6 bilhões de libras em outubro.
A produção de farelo acompanhou o movimento e alcançou 5,4 milhões de toneladas, alta de 15% ante outubro de 2024. O mercado precisará absorver esse volume a preços competitivos. Sazonalmente, os Estados Unidos vão produzir ainda mais farelo de soja por dia nos próximos dois meses. Para escoar essa produção será preciso ser competitivo. O farelo brasileiro também está chegando ao mercado com descontos amplos, pressionando as cotações norte-americanas. Para os próximos meses, o clima na América do Sul será mais determinante para os preços do que a política comercial entre Estados Unidos e China. Dezembro é o mês-chave para a produtividade em Mato Grosso. Chuvas entre 18 e 25 centímetros no período costumam garantir rendimentos na linha da tendência histórica. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta produtividade levemente abaixo da média, mas precipitações normais podem adicionar milhões de toneladas à safra. Na Argentina, dezembro também define o desempenho do milho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.