18/Nov/2025
Segundo cálculos do Centro para Agricultura Comercial da Universidade Purdue, de Indiana, nos Estados Unidos, o acordo entre Estados Unidos e China para retomar as compras de soja norte-americana trouxe alívio ao mercado norte-americano, mas não devolve os volumes aos patamares históricos e mantém espaço para a competitividade brasileira. Pelo compromisso, a China deve adquirir 12 milhões de toneladas nos dois últimos meses de 2025 e 25 milhões de toneladas por ano entre 2026 e 2028, patamar ainda 14% abaixo da média de 29 milhões de toneladas embarcadas anualmente para a China de 2020 a 2024. O total previsto para 2025 (18 milhões de toneladas) ficará 33% menor do que o exportado em 2024, quando os embarques atingiram 26,8 milhões de toneladas. Embora o acordo tenha trazido alívio aos produtores norte-americanos no fim da temporada de colheita, as exportações totais de soja dos Estados Unidos para a China neste ano devem ser as menores desde 2018, quando começou a guerra comercial entre os dois países. Mesmo assim, o anúncio sustentou os futuros de soja na Bolsa de Chicago, que se aproximaram de US$ 11,00 por bushel, o maior nível em mais de um ano.
Ajustado pela base, porém, o preço segue abaixo do ponto de equilíbrio para parte dos produtores norte-americanos. A brecha deixada pelos Estados Unidos ao longo de 2025 foi rapidamente ocupada pelo Brasil. Entre janeiro e outubro, o País embarcou 79 milhões de toneladas à China, volume recorde e equivalente a quase 80% das exportações brasileiras no período. As vendas totais do Brasil já superam 100 milhões de toneladas no ano, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A projeção inicial da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) era de embarques de 84 milhões de toneladas apenas para a China em 2025. Mesmo com o acordo, porém, as exportações devem encerrar o ano próximas de 82 milhões de toneladas, quase 10 milhões de toneladas acima de 2024. Para 2026, caso o fluxo com os Estados Unidos se normalize, o Brasil tende a reduzir embarques para algo entre 72 milhões e 75 milhões de toneladas, mas ainda em patamar elevado. A perspectiva de área recorde, estimada em cerca de 49 milhões de hectares para 2025/2026, reforça a oferta brasileira. A Argentina também ampliou sua presença no mercado chinês durante a suspensão das compras dos Estados Unidos.
Entre janeiro e setembro, exportou 7,6 milhões de toneladas, alta de 65% em relação a 2024, com 90% destinados à China, favorecida por uma suspensão temporária do imposto de exportação, que durou três dias até atingir o limite de US$ 7 bilhões em vendas e ser automaticamente restabelecido. Apesar da trégua comercial entre Estados Unidos e China, os embarques norte-americanos seguem sujeitos à tarifa de 13%, preservando a competitividade da oleaginosa sul-americana. Mesmo com parte dos volumes recuperada, os Estados Unidos tentam diversificar mercados para reduzir a dependência da China, ampliando presença no Sudeste Asiático, no Oriente Médio, no Norte da África e no Sul da Ásia. Não está claro, entretanto, se esses mercados emergentes podem compensar a demanda mais fraca da China e estabilizar a área de soja norte-americana em 2026. A incerteza sobre a demanda chinesa e a possível expansão da área de milho acima de 38 milhões de hectares em 2026 podem aumentar a pressão sobre preços e margens nos Estados Unidos, num momento em que produtores já enfrentam custos elevados e renda mais apertada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.