04/Nov/2025
Importadores chineses aumentaram as compras de soja do Brasil nos últimos dias, aproveitando a queda dos preços. A movimentação ocorre em meio às expectativas geradas por um novo acordo comercial entre China e Estados Unidos, que prevê a retomada das exportações agrícolas norte-americanas para o maior comprador mundial da oleaginosa. Foram fechados contratos para 10 cargas com embarque em dezembro e outras 10 entre março e julho, em um momento em que o produto brasileiro voltou a ser mais competitivo do que o norte-americano, apontaram traders. Segundo os operadores, o Brasil se tornou a opção mais barata e a demanda chinesa tem crescido desde a semana passada. A soja brasileira para embarque em dezembro está cotada a um prêmio de US$ 2,25 a US$ 2,30 por bushel sobre o contrato de janeiro da Bolsa de Chicago, enquanto a soja dos Estados Unidos, embarcada pelo Golfo do México, é oferecida a US$ 2,40 por bushel.
A AgResource confirmou que China adquiriu cerca de dez navios de soja brasileira para embarque em dezembro, o equivalente a 600 mil toneladas, e não soja norte-americana, apesar do acordo comercial anunciado na semana passada. O episódio reforça um princípio básico do mercado: a China compra o que precisa do vendedor mais barato. Se há um acordo comercial e a China precisa comprar 12 milhões de toneladas até o fim do ano seria natural imaginar que comprasse soja dos Estados Unidos, mas não é o caso. Os contratos assinados pelo governo chinês contêm uma cláusula de mercado que permite trocar de origem sempre que outro país oferece preço menor. O compromisso anunciado pelos Estados Unidos se refere apenas a compras, não a embarques. Quando se fala em compra, é muito difícil acompanhar. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deveria estar monitorando exportações acumuladas ou embarques efetivados.
Há dúvidas sobre como os volumes prometidos serão contabilizados e se podem incluir posições financeiras na Bolsa de Chicago. Mesmo com as incertezas, a AgResource elevou a projeção de exportações norte-americanas de soja para cerca de 40 milhões de toneladas ainda abaixo da estimativa do USDA de aproximadamente 46 milhões de toneladas. Pelas informações oficiais, a China compraria 12 milhões de toneladas até o fim de 2025 e 25 milhões de toneladas por safra em 2026, 2027 e 2028. Os chineses dizem que é ano-safra, não ano civil. É um acordo não vinculante, sem penalidades por descumprimento. O Brasil continua mais competitivo que os Estados Unidos em praticamente toda a janela de exportação. De fevereiro em diante, o Brasil está US$ 0,90 por bushel mais barato; em março e abril, entre US$ 1,05 e US$ 1,10 por bushel abaixo do Golfo.
Ninguém está comprando soja dos Estados Unidos nesse período. Os Estados Unidos está caro. A janela para a China efetivamente comprar as 12 milhões de toneladas é estreita e parte das cargas pode ser embarcada apenas no fim do verão do Hemisfério Norte, já dentro da nova safra. A safra brasileira de soja de 2024/2025 foi maior do que os 169 milhões de toneladas estimados pelo USDA. Há quem projete entre 177 e 178 milhões de toneladas, o que explica por que o Brasil ainda tem oferta disponível e consegue vender a preços mais baixos que os Estados Unidos. O cenário de preços segue pressionado. Se a nova safra realmente chegar a 180 milhões de toneladas, será muito difícil para os Estados Unidos competirem no mercado internacional. Fontes: Reuters e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.