03/Nov/2025
A sinalização da China de retomada parcial das compras de soja nos Estados Unidos elevou os preços do grão negociados na Bolsa de Chicago. O contrato Novembro/2025 voltou ao maior valor desde o início de outubro de 2024. No Brasil, como era de se esperar, houve pressão sobre os prêmios de exportação, com os contratos para embarque em 2026 retornando a patamares negativos, um movimento que não se registrava desde julho deste ano. Mesmo assim, as cotações no mercado físico se mantêm firmes. Os vendedores brasileiros mostraram preferência por negociar novos lotes com entrega imediata (spot) e pagamento longo, no intuito de garantir os atuais patamares de preço. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,2%, cotado a R$ 140,25 por saca de 60 Kg.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 133,84 por saca de 60 Kg. Já entre as médias de setembro e outubro, os Indicadores recuaram, 0,7% e 0,3%, nesta ordem. Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e baixa de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No comparativo mensal, as cotações avançaram 0,1% no mercado balcão e recuaram 0,5% no mercado de lotes. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2025 da soja registra alta de 4,5% nos últimos sete dias. Entre as médias de setembro e outubro, a alta foi de 1,2%, para US$ 10,32 por bushel. A safra 2025/2026 no Brasil é projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em volume recorde, de 177,6 milhões de toneladas.
A previsão é de menor produtividade na Região Centro-Oeste do País, devido aos possíveis impactos do fenômeno La Niña. Porém, bons volumes de chuva nos últimos dias trouxeram alívio e otimismo ao setor. Por outro lado, esse cenário climático retardou as atividades de campo. De acordo com a Conab, a semeadura de soja no Brasil alcançou 34,4% da área estimada até 25 de outubro, abaixo dos 37,7% em período equivalente de 2024 e dos 42,5% cultivados na média dos últimos cinco anos. Dentre as regiões, a semeadura está mais avançada em relação há um ano em: Mato Grosso, que atinge 62,1% da área (acima dos 55,2% no mesmo período de 2024), na Bahia, que alcançou 20% da área (há um ano, o cultivo havia atingido 15% da área), e no Tocantins, com 18% (acima dos 8% de um ano atrás). No Rio Grande do Sul, as atividades foram iniciadas, com 1% da área (há um ano, a semeadura ainda não havia começado). No Paraná, a semeadura da soja alcançou 52% da área estimada (abaixo dos 62% de intervalo equivalente de 2024).
Em Mato Grosso do Sul, o plantio alcança 54% da área (inferior aos 72% de um ano atrás); em Goiás, a 16% (10% inferior ao mesmo período de 2024); em São Paulo, a semeadura soma 45% da área (abaixo dos 70% há um ano); em Minas Gerais, 11,6% da área havia sido semeada (abaixo dos 18% em igual intervalo de 2024) e, em Santa Catarina, 7% da área foi cultivada (inferior aos 15% registrados há um ano). O cultivo alcançou 1% no Maranhão (abaixo de 6%) e 1% no Piauí (1% inferior a um ano). Os futuros do farelo de soja seguem em expressiva alta na Bolsa de Chicago. Esse movimento está atrelado à maior demanda, sobretudo por consumidores norte-americanos. É comum o aumento do consumo de farelo de soja no período que antecede o inverno no Hemisfério Norte, especialmente para a produção de ração. O contrato Dezembro/2025 do farelo de soja registra valorização de significativos 8% nos últimos sete dias, passando para US$ 347,89 por tonelada, o maior patamar desde 22 de janeiro deste ano. Entre as médias de setembro e outubro, o avanço foi de 0,8%.
Além disso, incertezas sobre as exportações do Brasil para a União Europeia apoiam as cotações futuras na Bolsa de Chicago. De acordo com a Comissão Europeia, a lei “EU Deforestation Regulation (EUDR)”, que vem sendo adiada desde junho de 2023, tem como objetivo impedir que produtos associados ao desmatamento e à degradação florestal entrem no mercado da União Europeia. Com isso, o Brasil tem o desafio de atender aos requisitos de rastreabilidade, desde a área de cultivo de soja até a entrega do produto final. Esse cenário desafia produtores a cultivarem em áreas que não sejam desmatadas a partir de 2021 e as cooperativas/cerealistas e terminais portuários a segregar esses lotes. A partir de 30 de dezembro deste ano, as empresas de grande porte terão seis meses para a adaptação e as de pequeno porte, um ano. O Brasil foi classificado pela União Europeia como país de “risco médio”, ficando em desvantagem em relação a países de baixo risco, como os Estados Unidos. Os prêmios registram recuo no Brasil nos últimos sete dias.
Com base no Porto de Paranaguá (PR), as ofertas do prêmio de exportação de farelo de soja foram as menores registradas para o embarque em dezembro/2025. Ainda assim, no spot nacional, as cotações do derivado apresentam alta de 3,1% nos últimos sete dias. Entre as médias de setembro e outubro, os preços cederam 1,7%. Diante da recuperação dos valores do farelo de soja, as cotações do óleo estão em baixa nos mercados internacional e doméstico. Boa parte das indústrias de biodiesel no Brasil se abasteceu com óleo de soja para o restante deste ano e, agora, se afasta das negociações envolvendo grandes volumes. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra recuo de 2,9% nos últimos sete dias, para R$ 7.302,83 por tonelada. No comparativo mensal, as cotações cederam 0,2%. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 está cotado a R$ 1.094,58 por tonelada na quinta. No comparativo mensal, a queda foi de 0,3%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.