30/Oct/2025
Segundo o Rabobank, um eventual acordo comercial entre Estados Unidos e China, cuja assinatura é aguardada para esta quinta-feira (30/10), pode redirecionar parte da demanda chinesa para a soja norte-americana e reduzir os prêmios pagos nos portos brasileiros no início da safra 2025/2026. O fator geopolítico é o principal risco de curto prazo para os preços da oleaginosa no Brasil, mesmo com fundamentos internos sólidos. Se esse acordo for confirmado, as compras e os embarques dos Estados Unidos para a China devem se intensificar a partir de novembro. Isso pode reduzir a demanda chinesa pela soja brasileira e pressionar os prêmios nos portos. O ano de 2025 foi marcado por forte migração da demanda da China para a América do Sul, o que sustentou as cotações internas e levou o Brasil a exportar 111 milhões de toneladas, um recorde histórico.
As exportações brasileiras de soja devem manter nível semelhante em 2025/2026, com desempenho dependente da evolução das negociações entre Estados Unidos e China. Mesmo com esse possível acordo, o volume de embarques dos Estados Unidos para a China será reduzido, porque a safra norte-americana foi menor e parte da janela de exportação já passou. Entre janeiro e outubro, as cotações da soja na Bolsa de Chicago acumulam queda de 9%, enquanto os preços em Mato Grosso recuaram apenas 1%. A diferença é explicada pelo câmbio e pelos prêmios elevados. Essa diferença de comportamento entre os preços da Bolsa de Chicago e os preços em Reais se deve a dois fatores. Um deles é o câmbio, principalmente no primeiro semestre, e o segundo é o prêmio, que foi um dos principais drivers para a gente ver preços ainda atrativos durante o ano de 2025.
O Rabobank estima produção brasileira de 177 milhões de toneladas na safra 2025/2026, novo recorde histórico, sustentado por um aumento de 2% na área plantada e por condições climáticas favoráveis. O plantio avançou com rapidez e já cobre 34% da área nacional, acima da média histórica de 21% para o período. Isso mostra o incentivo que o produtor teve com o plantio, principalmente por conta das chuvas que apareceram em uma janela interessante. Porém, o ritmo de expansão da soja no Brasil é menor que o de anos anteriores. A média histórica de crescimento da área é de 4% ao ano, mas as margens mais apertadas e os juros elevados têm limitado novos investimentos. Ainda assim, o Rabobank projeta recorde simultâneo de produção, exportação e esmagamento em 2025/2026, consolidando o protagonismo brasileiro no comércio global. Caso o acordo entre Estados Unidos e China não avance, a demanda internacional continuará concentrada na América do Sul, sustentando os prêmios e as cotações domésticas.
Se excluir todas essas questões geopolíticas, a visão seria muito mais baixista para os preços no Brasil. A oferta cresce mais rápido que a demanda, tanto local quanto global, e o consumo mundial não acompanha o ritmo da produção brasileira. O Rabobank prevê novo recorde de esmagamento de soja no Brasil em 2026, condicionado à confirmação do aumento da mistura obrigatória de biodiesel para 16% a partir de março, conforme o programa Combustível do Futuro. O banco projeta 57 milhões de toneladas esmagadas na safra 2025/2026, alta de 3% em relação ao ciclo anterior, impulsionada pelo crescimento das exportações de farelo e óleo de soja, que devem alcançar 23 milhões de toneladas no total. O avanço reflete, sobretudo, o aumento da participação brasileira no mercado europeu. Se esse incremento realmente acontecer, ele pode favorecer as margens de esmagamento e compensar parte dos efeitos de uma eventual perda de competitividade nas exportações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.