28/Oct/2025
A StoneX estima que a China deve comprar cerca de 10 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos nas próximas semanas caso um acordo comercial seja fechado entre os dois países. Esse volume cobriria apenas a necessidade imediata e vale até fevereiro, quando a nova safra brasileira entra no mercado e passa a ocupar os portos chineses. A partir daí, o Brasil volta a ser o principal fornecedor. O mercado está reagindo a uma proposta de acordo discutida no fim de semana entre Estados Unidos e China, mas ainda não há garantia de que o entendimento avance.
Compras acima de 10 milhões de toneladas no curto prazo são improváveis porque, a partir de fevereiro, os navios com soja do Brasil vão ocupar a linha de descarga nos portos chineses. Volumes adicionais tenderiam a ser empurrados para o próximo ano comercial, o que pode decepcionar parte do mercado. Com essa possível compra, os estoques norte-americanos de soja terminariam a temporada em nível considerado apertado, entre algo como 8 milhões e 12 milhões de toneladas, dependendo do rendimento final da safra dos Estados Unidos.
Esse nível é suficiente para atender a demanda, mas com pouca margem de erro caso haja problema climático na América do Sul. O possível acordo entre Estados Unidos e China vai além da soja. Negociadores dos dois lados saíram de reuniões na Malásia com um entendimento preliminar que inclui: suspensão por um ano das restrições chinesas à exportação de minerais de terras raras e ímãs industriais; retirada, pelos Estados Unidos, da ameaça de tarifas extras de 100% sobre produtos chineses; e compromisso da China de reforçar o controle sobre o fentanil e seus precursores.
Porém, a China deve manter limitações em itens sensíveis para uso militar. A velocidade das tratativas chamou atenção. O movimento pode ser atribuído ao quarto plenário do Partido Comunista Chinês, concluído na semana passada. Se o presidente Xi sentiu alguma fragilidade interna, faz sentido buscar uma trégua rápida com Donald Trump, reduzir a tensão externa e focar em questões domésticas. O encontro entre Trump e Xi está marcado para quinta-feira (30/10), na Coreia do Sul.
Se o acordo avançar, o efeito imediato seria aliviar a incerteza e melhorar o humor do agronegócio norte-americano, que tem liquidez, mas vinha segurando investimentos por causa do ambiente político e tarifário. Há muito estímulo na economia. O que travava era a falta de clareza. Contudo, tudo isso ainda pode cair por terra antes mesmo da reunião entre Trump e Xi. A ausência de dados oficiais adiciona uma camada de dúvida. Com parte do governo norte-americano paralisada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) não está divulgando relatórios completos e pode não publicar o balanço mensal de oferta e demanda em novembro se o impasse continuar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.