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28/Oct/2025

China ainda não sinaliza demanda por soja dos EUA

Segundo análise da AgResource, as principais tradings chinesas não demonstram interesse na compra de soja norte-americana neste momento, apesar das expectativas de avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China que impulsionaram os contratos futuros na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (27/10). A ausência de sinais concretos no mercado contrasta com o otimismo especulativo que tomou conta dos contratos futuros, movimento descrito como um “otimismo sem lastro na demanda real”. Historicamente, a China evita comprar em momentos de alta e costuma se antecipar aos movimentos de valorização. Se a China tivesse intenção de fazer negócios, já estaria se posicionando, e isso não está acontecendo. O cenário atual deve ser usado pelos produtores norte-americanos para travar parte da safra, com expectativa de que os preços atinjam o pico entre até esta quarta-feira (29/10). As negociações em andamento entre Estados Unidos e China não têm caráter vinculante e ainda carecem de definições concretas.

O próprio presidente Donald Trump, ao falar sobre o tema, admitiu que os termos ainda estão em discussão e podem sofrer alterações. A paralisação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) impede o monitoramento diário das exportações. O mercado opera no escuro. O cenário mais provável é um aceno que envolva a retirada das tarifas ligadas ao tema do fentanil e a redução das tarifas de cerca de 34% aplicadas pela China sobre grãos e oleaginosas dos Estados Unidos. Isso colocaria a relação comercial “de volta a algo próximo do normal”, como observado em março, quando as barreiras tarifárias eram menores. Nessa hipótese, a soja dos Estados Unidos voltaria a ficar competitiva para embarques em dezembro e janeiro, com desconto em relação à origem sul-americana. Ainda assim, não é esperado um surto de compras por parte da China. A avaliação é que qualquer movimento seria tático, não estrutural. Mesmo num cenário de entendimento político, a janela de compra é curta. Eventuais negócios firmados agora só se traduziriam em embarques a partir de meados de dezembro, levando em conta as seis semanas necessárias para acertar logística, documentação e lineup.

As cargas chegariam entre o fim de janeiro e meados de fevereiro. É uma janela estreita, de oito semanas. Depois disso, o Brasil volta a liderar a formação de preço, com vantagem de custo sobre os Estados Unidos já a partir de fevereiro. As projeções oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) partem da premissa de que a China voltará ao mercado norte-americano nesse intervalo. O governo trabalha com exportações entre 8,5 milhões e 9,5 milhões de toneladas destinadas ao mercado chinês entre dezembro e fevereiro. A AgResource considera esse número ambicioso demais. Interlocutores na Ásia relatam que “nem se fala em soja norte-americana” no momento e que a imprensa chinesa não trata o tema como prioridade de curto prazo. Do lado da oferta global, a reorganização dos fluxos comerciais não altera o balanço final de estoques e a relação estoque/uso. Esse reembaralhamento das rotas de comércio não muda, de fato, o número final. A leitura segue apoiada em dois pontos: avanço rápido da safra sul-americana e ausência de problemas climáticos relevantes até agora.

Houve chuvas volumosas na Argentina nos últimos dias, permitindo andamento acelerado do plantio de milho e expectativa de disponibilidade física a partir de março. No Brasil, a AgResource estima que aproximadamente 60% da área de soja em Mato Grosso já estava plantada o dia 24 de outubro, o que abre espaço para início de colheita entre 20 e 25 de janeiro e oferta expressiva já no fim de janeiro. A AgResource também reduziu o peso das comparações com o acordo comercial da “Fase Um”. Mesmo naquele período de metas formais de compra, os compromissos chineses não foram integralmente cumpridos e os Estados Unidos não exigiram a execução. “Foram promessas de aperto de mão”. Os dois países caminham para um “desacoplamento administrado”, em que a China diversifica fornecedores e compra aonde for mais barato, enquanto os Estados Unidos tentam proteger participação via negociação direta, caso a caso. Esse processo reduz a probabilidade de a China voltar a depender de um único fornecedor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.