28/Oct/2025
A associação europeia do comércio de grãos e oleaginosas Coceral pediu nesta segunda-feira (27/10) à Comissão Europeia um novo adiamento de um ano da regulamentação antidesmatamento da União Europeia (EUDR), alertando para risco de ruptura na cadeia de suprimentos de soja e impactos severos sobre as indústrias de ração animal e carne do bloco. A entidade afirma que, mesmo após o primeiro adiamento concedido em 2024, persistem problemas técnicos e logísticos que tornam inviável o cumprimento do prazo atual, previsto para 31 de dezembro de 2025. A Coceral defendeu que a prorrogação seja de um ano e válida para todos os participantes do mercado, independentemente do porte. O objetivo é resolver questões críticas e garantir uma transição suave para as indústrias e consumidores da União Europeia.
O pedido foi feito após a Comissão Europeia anunciar, no dia 23 de outubro, cronogramas diferentes por tamanho de empresa, medida que criou confusão no mercado, aumentou a incerteza e dificultou o cumprimento do prazo pelos operadores. A entidade destacou que as exigências da EUDR, que obriga importadores europeus a comprovar que produtos agrícolas não estão ligados ao desmatamento após 2020, exigem cadeias segregadas de rastreabilidade. Isso implica investimentos pesados em novas estruturas logísticas. A construção de silos, unidades de esmagamento e instalações portuárias específicas para cadeias separadas é proibitivamente cara e impraticável nos principais portos europeus. O modelo atual já reduziu a capacidade de processamento, elevou custos e limitou a oferta de produtos, com risco de pressão inflacionária sobre alimentos e rações na União Europeia.
O efeito colateral mais grave, segundo a Coceral, seria a dependência crescente de importações de produtos finais, especialmente carnes e rações, de países fora da União Europeia. Isso prejudicaria os produtores do bloco e representaria riscos à viabilidade do setor pecuário da região. A Coceral representa mais de 3 mil empresas de 18 países europeus, entre tradings, associações nacionais e operadores portuários que atuam no comércio de matérias primas agrícolas para os setores de alimentos, rações, energia e biocombustíveis. O pedido de adiamento ocorre em momento de pressão política crescente. Países como Alemanha, Itália e Polônia vêm pedindo mais tempo para ajustar sistemas de rastreabilidade e certificação de origem.
A EUDR foi aprovada em 2023 e entrou em vigor em junho daquele ano. O regulamento cobre produtos como soja, café, carne bovina, cacau, madeira e borracha, e exige que todos os embarques destinados ao mercado europeu comprovem que não há desmatamento após 31 de dezembro de 2020. A aplicação estava inicialmente prevista para o fim de 2024, mas foi adiada para dezembro de 2025. Pela proposta atual da Comissão, grandes empresas terão período adicional sem penalidades até junho de 2026, enquanto pequenos operadores poderão se ajustar até dezembro de 2026. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.