27/Oct/2025
A demanda global por farelo de soja está aquecida, o que resulta em expressiva valorização dos contratos futuros do derivado na Bolsa de Chicago. A alta externa, por sua vez, influencia as negociações do farelo no Brasil, à medida que aumentou o interesse de demandantes, até mesmo dos que têm estoques alongados, em formalizar novos contratos “frame”, modalidade que abrange operações com recebimento de médio a longo prazo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 registra alta de expressivos 5,6% nos últimos sete dias, passando para US$ 319,67 por tonelada, o maior patamar desde 27 de agosto. Em reflexo, o preço FOB do farelo de soja no Porto de Paranaguá (PR) tem avanço de significativos 6,2% no mesmo intervalo, para US$ 317,46 por tonelada. No Brasil, compradores domésticos estão preocupados com os custos do frete rodoviário, especialmente para os primeiros meses de 2026.
No mercado spot nacional, as cotações oscilam entre as regiões e, na média, o farelo de soja apresenta valorização de 0,4% nos últimos sete dias. No mercado do óleo de soja, as negociações estão mais lentas, e os preços externo e interno se mantêm. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 está cotado a US$ 1.121,68 por tonelada. No Brasil, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 7.518,37 por tonelada. O mercado de soja em grão apresenta baixa liquidez. Os produtores brasileiros mantêm o foco nas atividades de campo e permanecem atentos ao déficit hídrico, especialmente em regiões do Sudeste e do Centro-Oeste do País. Após as chuvas registradas nas duas últimas semanas em boa parte do território nacional, as atividades no campo foram intensificadas; ainda assim, os produtores relatam necessidade de maior umidade no solo.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura da soja no Brasil alcançou 21,7% da área estimada até o dia 18 de outubro, acima dos 17,6% no período equivalente de 2024, mas abaixo dos 27,7% cultivados na média dos últimos cinco anos. Dentre as regiões, a semeadura está mais avançada em relação há um ano em: Mato Grosso, que atinge 39,8% da área (acima dos 21,1% no mesmo período de 2024), na Bahia, que alcançou 6% da área (há um ano, o cultivo ainda não havia sido iniciado) e em Tocantins, com 7% (acima dos 3% no mesmo período do ano passado). Em São Paulo, as atividades de campo estão no mesmo ritmo do observado há um ano, com 40% da área cultivada. No Paraná, a semeadura da soja alcançou 39% (abaixo dos 41% há um ano); em Mato Grosso do Sul, 34% (1% inferior ao registrado no mesmo período de 2024); em Minas Gerais, 6% da área havia sido semeada (abaixo dos 10,5%); em Goiás 5% (4% atrás do mesmo período de 2024); e, em Santa Catarina, 3% da área foi cultivada (5% inferior ao registrado há um ano).
Quanto à soja em grãos, os vendedores brasileiros têm se mostrado pouco dispostos a negociar grandes volumes da oleaginosa, tanto no mercado spot quanto em contratos a termo. Esses agentes mantêm expectativas de incremento na demanda chinesa fora da janela tradicional de exportação da soja brasileira, em função do impasse comercial entre os Estados Unidos e a China, o que pode elevar a demanda e, consequentemente, a receita dos sojicultores nos próximos meses. Vale ressaltar que, na parcial de outubro, o Brasil já escoou 3,6 milhões de toneladas de soja. Isso equivale a 280,57 mil toneladas ao dia, 31% acima da média diária exportada há um ano, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve alta de 0,3%, cotado a R$ 138,55 por saca de 60 Kg.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra pequeno avanço de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 133,45 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O aumento nos preços internos também é influenciado pela valorização externa. O contrato Novembro/2025 da soja, na Bolsa de Chicago, apresenta avanço de 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 10,44 por bushel. No entanto, o movimento de alta no Brasil é limitado pelo amplo estoque da safra 2024/2025 e pela desvalorização do dólar frente ao Real, fator que tende a tornar a soja norte-americana mais competitiva em relação à brasileira. Vale ressaltar também que a paridade de exportação indica maior atratividade para o vendedor na realização de contratos com entrega nos próximos meses, em detrimento das negociações no mercado spot.
Com base no preço FOB no Porto de Paranaguá (PR) e no câmbio futuro da B3, a paridade de exportação é de R$ 144,32 por saca de 60 Kg para embarque em novembro/2025 e em R$ 147,31 por saca de 60 Kg para dezembro/2025. Para 2026, os cálculos apontam valores de R$ 136,22 por saca de 60 Kg em fevereiro; de R$ 134,23 por saca de 60 Kg em março; de R$ 136,17 por saca de 60 Kg em abril; de R$ 138,28 por saca de 60 Kg em maio; e de R$ 140,81 por saca de 60 Kg em junho. As negociações referentes à safra 2026/2027 também já foram iniciadas, com a paridade de exportação calculada em R$ 146,30 por saca de 60 Kg para embarques em fevereiro e março de 2027. Vale destacar que essas negociações começaram com mais antecedência do que o habitual. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.