24/Oct/2025
Segundo a AgResource Company, o mercado de grãos manteve tendência firme nesta quinta-feira (23/10), com prêmios sustentados pela incerteza em torno das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, previstas para esta e a próxima semana. As cotações continuam apoiadas em expectativas de curto prazo, mas sem fundamentos claros. O mercado ainda não precifica nada de forma consistente. Ele reage apenas aos rumores e às postagens nas redes sociais sobre a possibilidade ou não de um acordo. Mesmo que a China volte a comprar soja norte-americana em volumes simbólicos entre dezembro e janeiro, o impacto seria limitado. O foco agora deve ser o clima na América do Sul, que é o verdadeiro fator de direção neste momento. Em uma perspectiva global, os mercados de trigo, milho e soja permanecem há meses dentro de faixas de oscilação estreitas, sem tendência clara, refletindo o peso das incertezas geopolíticas. O mercado não saiu do lugar.
As cotações apenas alternam conforme o Hemisfério que está vendendo. Na soja, a competitividade muda de acordo com a época do ano. Durante o inverno, Brasil e Argentina vendem mais barato que os Estados Unidos, e na colheita norte-americana o movimento se inverte. Sobre as negociações entre Estados Unidos e China ainda não está claro o que o governo norte-americano entende por “normalizar” as compras chinesas de soja. Mesmo que a China volte a adquirir o grão dos Estados Unidos, os volumes seriam pontuais. Se houver retomada, deve envolver algo entre 5 milhões e 8 milhões de toneladas, cobrindo apenas o intervalo entre meados de dezembro e fevereiro. Essa é a janela de oportunidade dos Estados Unidos. Contudo, a soja norte-americana deve perder competitividade logo em seguida. O Brasil oferece preços mais baixos que os do Golfo e janeiro até maio.
Na China, as margens de esmagamento estão negativas, mas o ritmo de processamento segue forte e os estoques nos portos continuam elevados. A China já lotou seus mercados antecipando o debate comercial. O mercado de farelo em Dalian não reagiu como esperado. Se houvesse expectativa real de um acordo, o preço do farelo teria despencado. Isso não aconteceu, o que mostra que a China não está esperando um desfecho positivo. No lado da oferta, os embarques brasileiros de soja continuam acima da média dos últimos anos, com filas de navios e compromissos de exportação já superiores às estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso indica que a safra brasileira do ano passado foi subestimada em 2 a 3 milhões de toneladas, talvez entre 171 e 172 milhões de toneladas, exatamente o que crop tour de janeiro da AgResource já apontava. A última compra chinesa de soja dos Estados Unidos foi modesta, embarcada entre o fim de maio e o início de junho.
Desde então, a China não importou nenhuma soja norte-americana. Mesmo que as vendas sejam retomadas, o intervalo logístico empurra os embarques para meados de dezembro e as chegadas para o fim de janeiro. Os Estados Unidos se tornaram um fornecedor residual da China. Para o curto e médio prazo, o fator determinante volta a ser o clima sul-americano. Por enquanto, o clima na América do Sul parece quase ideal. Modelos europeus indicam chuvas entre 25 e 75 milímetros, da Argentina ao Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), incluindo Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. É um bom começo, com temperaturas amenas, embora exista risco de geada em partes da Argentina no início da próxima semana. Essa geada afetaria mais o trigo do que o milho. Se as safras da América do Sul forem grandes, o impacto de um eventual acordo comercial entre Estados Unidos e China será limitado. Nesse cenário, o melhor caminho para o produtor norte-americano é aproveitar os ralis do mercado à medida que surgirem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.