23/Oct/2025
Segundo a StoneX, a indefinição sobre um possível encontro entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping no fim de outubro está aumentando as chances de o Brasil ampliar vendas de soja à China nos próximos meses. A janela de exportações dos Estados Unidos para o mercado chinês se estreita a cada dia sem acordo, enquanto o plantio brasileiro acelera e pode antecipar a colheita da safra 2025/2026. Trump vem oscilando entre declarações contraditórias sobre a reunião com Xi, prevista para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) entre 31 de outubro e 1º de novembro. O presidente norte-americano chegou a ameaçar tarifas de 155% sobre produtos chineses e acusou a China de evitar propositalmente a compra de soja norte-americana. Ao mesmo tempo, anunciou pacote de ajuda aos produtores de US$ 3 bilhões, além dos US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões já mencionados anteriormente.
É uma retórica caótica mais uma vez vinda de Trump, e isso tem feito a soja subir e descer constantemente. Os dados de comércio chinês confirmam a ausência da soja norte-americana. Em setembro, a China importou 12,87 milhões de toneladas de soja, recorde para o mês, mas sem um único grão dos Estados Unidos. É a primeira vez em sete anos que não há origem norte-americana em setembro. No mesmo mês do ano passado, os Estados Unidos venderam 1,7 milhão de toneladas. Do total importado pela China em setembro deste ano, 10,96 milhões de toneladas vieram do Brasil e 1,17 milhão de toneladas da Argentina. A mensagem é que a China não precisa dos Estados Unidos, pois pode contar com a América do Sul. Para piorar a situação norte-americana, o governo dos Estados Unidos continua paralisado por falta de aprovação orçamentária, suspendendo a divulgação de relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Não há dados semanais, nem o relatório mensal de oferta e demanda (Wasde), nem as posições especulativas da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC). Já são 20 dias sem governo nos Estados Unidos. Não há os números que normalmente estariam disponíveis. O mercado está operando meio às cegas. Mesmo no melhor cenário, com acordo no início de novembro, o tempo dos exportadores norte-americanos é escasso. A janela tradicional de vendas para a China vai de setembro a janeiro. Se as negociações só avançarem no fim de outubro, restarão apenas novembro e dezembro para os embarques. É uma janela muito apertada para enviar soja à China em dois meses. A situação se complica porque o Brasil planta em ritmo acelerado. O plantio da safra 2025/2026 já alcançou 24% da área, bem acima dos 9% registrados no mesmo período do ano passado. Quanto mais rápido o plantio, mais cedo a colheita. Se houver soja brasileira disponível em janeiro, isso reduz ainda mais a janela norte-americana.
Há, contudo, um possível espaço para os Estados Unidos. Importadores chineses reclamaram recentemente que os preços brasileiros estão altos e indicaram não estar totalmente cobertos para os embarques de dezembro e janeiro. Mas, o governo chinês respondeu que, em caso de necessidade, pode liberar reservas no mercado doméstico, algo entre 3 milhões e 5 milhões de toneladas. Pode haver demanda, mas a China talvez tenha solução para não precisar recorrer aos Estados Unidos. A colheita norte-americana está 73% concluída, segundo estimativas privadas, e a maior parte da safra vai para armazenagem, não para exportação. O que está salvando os produtores norte-americanos no momento é a forte demanda doméstica por farelo, com números de esmagamento em setembro bastante elevados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.