20/Oct/2025
Os produtores brasileiros estão retraídos das vendas envolvendo grandes volumes, contexto que eleva os preços domésticos do grão. Esses agentes estão atentos à valorização do dólar frente ao Real (o que torna a commodity brasileira mais atrativa em detrimento do grão norte-americano), à maior demanda externa e às novas tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos à China, que entram em vigor em novembro e que podem ampliar ainda mais as vendas do Brasil ao país asiático. No entanto, esse cenário pressiona as cotações futuras da soja nos Estados Unidos e, por sua vez, as desvalorizações externas limitam as altas no mercado brasileiro. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,1%, cotado a R$ 138,17 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,8% nos últimos sete dias, a R$ 132,96 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,7% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas). As negociações de soja no Porto de Paranaguá (PR) estão limitadas por conta de novas regras de frete mínimo. Essas novas condições tendem a inviabilizar o frete de retorno, bastante utilizado neste porto neste período do ano. Além disso, o começo do atual fenômeno climático La Niña já vem resultando em chuvas mal distribuídas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, o que pode reduzir a produtividade de soja. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área de soja na temporada 2025/2026 deve crescer 3,6% frente à anterior, indo para um recorde de 49,07 milhões de hectares, o que se deve, principalmente, à substituição do cultivo de arroz por soja. A produção está estimada em 177,6 milhões de toneladas. A semeadura da soja no Brasil alcançou 11,1% até 11 de outubro, acima dos 9,1% em período equivalente de 2024, mas abaixo dos 16,9% cultivados na média dos últimos cinco anos.
Dentre as regiões, a semeadura atinge 31% no Paraná (2% abaixo do registrado há um ano), 18,9% em Mato Grosso (acima dos 7,8% na safra passada), 14% em Mato Grosso do Sul (abaixo dos 20% cultivados há um ano), 4% na Bahia (há um ano, o cultivo ainda não havia sido iniciado) e 4% em São Paulo (1% abaixo do ano passado). Nos estados de Minas Gerais, de Goiás, de Santa Catarina e de Tocantins, as atividades somam 2% das respectivas áreas. Para a safra 2024/2025, as projeções da Conab apontam exportação recorde de 106,66 milhões de toneladas (sendo que 88% desse volume já foi embarcado até setembro, segundo a Secex). Para 2025/2026, as estimativas indicam exportações ainda maiores, de 112,11 milhões de toneladas. O processamento interno também segue em expansão, estimado em volumes recordes: de 58,61 milhões de toneladas em 2024/2025 e em 59,57 milhões de toneladas em 2025/2026.
Mesmo com o constante crescimento no apetite global pela soja brasileira, os estoques de passagem devem ser maiores, estimados em 10,7 milhões de toneladas na safra 2024/2025 (em dezembro/2025), 47,9% acima do da temporada anterior, e em 13,38 milhões de toneladas em 2025/2026 (em dezembro/2026), 25,1% maiores que os da atual safra. O aumento no esmagamento da soja está atrelado, sobretudo, à ampliação na demanda por óleo de soja, em especial para a produção de biodiesel. Com isso, mesmo com a demanda elevada por farelo de soja, com exportações estimadas em volumes recordes de 23,6 milhões de toneladas na safra 2024/2025 e de 24,8 milhões de toneladas na safra 2025/2026, e consumo doméstico em 19,5 milhões de toneladas e em 20 milhões de toneladas, respectivamente, os estoques de passagem são projetados pela Conab em 5,4 milhões de toneladas na temporada atual (expressivos 62,38% superior ao da safra anterior) e em 6,59 milhões de toneladas na safra 2025/2026 (aumento de 20,7%).
Esse cenário vem deixando grande parte de consumidores cautelosa e sem interesse em realizar grandes fechamentos para longo prazo. Uma outra parcela segue mais ativa nas aquisições. Com isso, os preços do farelo de soja apresentam alta de 0,7% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, estimativas da Conab indicam que as exportações podem aumentar 2,4% nesta temporada, somando 1,4 milhão de toneladas. Deste volume, 79,33% foram escoados até setembro. Para a safra 2025/2026, os embarques devem se manter em 1,4 milhão de toneladas. O consumo doméstico do óleo de soja é projetado em quantidade recorde de 10,5 milhões de toneladas na safra 2024/2025 e de 10,6 milhões de toneladas na temporada 2025/2026. O preço do óleo (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) registra avanço de 0,8% nos últimos sete dias, a R$ 7.518,37 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.