20/Oct/2025
O Grupo Potencial, que atua no mercado de combustíveis, vai investir R$ 700 milhões na compra antecipada de 300 mil toneladas de soja da safra 2025/2026. Com a medida, o objetivo da empresa é abastecer a esmagadora que está em fase de construção em Lapa (PR), na região metropolitana de Curitiba. A operação será a primeira aquisição de soja em grão do grupo, que atualmente compra óleo de cooperativas e tradings. O volume que a empresa almeja comprar corresponde a uma área plantada de 84 mil hectares. Essa carga deve garantir o abastecimento da fábrica nos três primeiros meses de operação, que começará em maio de 2026. A empresa está abrindo negociação para compra antecipada de soja a R$ 140,00 por saca de 60 Kg. No Porto de Paranaguá (PR), o grão é vendido hoje por algo em torno desse valor. É uma opção para o produtor travar custos e mitigar riscos. A empresa criou uma diretoria com equipe própria para cuidar da compra de grãos e da logística de transporte até a fábrica.
A demanda da fábrica supera a produção de soja da região. A planta vai esmagar 1,1 milhão de toneladas de soja por ano, ou 3,5 mil toneladas por dia. Na região metropolitana de Curitiba (PR), a produção do grão gira em torno de 450 mil toneladas. Além da região metropolitana, a empresa vai expandir as compras para outras áreas do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O montante se soma ao investimento de R$ 1 bilhão na instalação do complexo de esmagamento em construção em Lapa. O projeto conta com financiamento de R$ 500 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que pode ser ampliado para até R$ 700 milhões. A construção está 50% concluída. O projeto engloba estrutura de armazenagem com capacidade para 300 mil toneladas, prevista para ser entregue em janeiro de 2026.
A expectativa é começar a receber a soja a partir de fevereiro, para garantir matéria-prima para o início do esmagamento em maio. O óleo de soja gerado será todo destinado à produção de biodiesel. O Grupo Potencial espera elevar o faturamento em R$ 1,9 bilhão ao ano com a planta de esmagamento de soja. O grupo registrou receita de R$ 12 bilhões em 2024 e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 848 milhões. A meta do grupo é alcançar uma receita de R$ 20 bilhões até 2030. Em uma segunda fase, a unidade terá sua capacidade ampliada para 7 mil toneladas de soja por dia, com investimento total estimado de R$ 2,5 bilhões. A empresa não vai ser autossuficiente em óleo. A ideia é expandir a produção de biodiesel. Com a esmagadora, vai suprir 30% da necessidade de óleo. E, quando a esmagadora for duplicada, a produção de biodiesel também vai dobrar.
Em 2024, o grupo anunciou investimento de R$ 600 milhões para ampliar a capacidade da usina de biodiesel de 900 milhões de litros por ano para 1,62 bilhão de litros ao ano em 2026. O farelo gerado com esmagamento da soja será destinado à exportação e a produtores de frangos e suínos de Santa Catarina. Com o aumento da oferta de farelo, a tendência é que se tenha no País uma oferta de proteínas mais baratas. Há um ano, o farelo custava R$ 2,4 mil por tonelada, e hoje custa R$ 1,4 mil por tonelada. As indústrias de proteínas ampliam a produção aproveitando este cenário. O grupo também anunciou em agosto um investimento de R$ 2 bilhões na construção de uma usina de etanol de milho no mesmo município. A unidade terá capacidade para processar 3 mil toneladas de milho por dia e deve iniciar suas operações em 2028. Normalmente, empresas que eram do agronegócio foram para a produção de energia. O Grupo Potencial está fazendo o caminho inverso, indo da distribuição de combustíveis para o campo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.