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16/Oct/2025

Futuros de soja estáveis com agentes cautelosos

Os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam perto da estabilidade pela terceira sessão consecutiva nesta quarta-feira (15/10). O vencimento novembro da oleaginosa fechou sem variação, a US$ 10,06 por bushel. Traders seguem cautelosos diante da confusão gerada pelas seguidas declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o comércio entre Estados Unidos e China. Na terça-feira (14/10), Trump ameaçou parar de comprar óleo de cozinha usado da China caso o país asiático continue ausente do mercado americano de soja em grão. Na semana passada, ele anunciou que os Estados Unidos vão impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, em resposta às restrições impostas pela China à exportação de terras raras. A declaração sobre óleo usado de cozinha deu algum suporte ao complexo soja, embora os Estados Unidos não tenham tanto poder de barganha nesse caso e já venham reduzindo suas compras do produto chinês.

No ano passado, essas importações somaram quase US$ 1,2 bilhão, de acordo com dados da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Esse valor representa apenas cerca de 10% das compras chinesas de soja dos Estados Unidos no mesmo ano. Em 2025, com as disputas tarifárias, os Estados Unidos importaram US$ 356 milhões em óleo usado de cozinha da China até o fim do primeiro semestre. Além disso, uma proposta da Agência de Proteção Ambiental (EPA) apresentada em junho atribui valores mais baixos aos créditos de mistura gerados por biocombustíveis importados ou produzidos com insumos importados. Isso torna menos atraente a produção de biodiesel a partir de óleo usado de cozinha importado e tende a estimular a demanda por óleo de soja dos Estados Unidos. Após os recentes desdobramentos, não se sabe se Donald Trump e seu colega chinês, Xi Jinping, vão mesmo se reunir no fim do mês na Coreia do Sul.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, reiterou que as negociações comerciais prosseguem e que ainda espera um encontro entre os presidentes. Mesmo que esse encontro ocorra, a soja deve ficar em segundo plano, já que há outros assuntos considerados mais urgentes na agenda, como os metais de terras raras, tarifas sobre navios e o TikTok. A ausência de compras chinesas de soja dos Estados Unidos ocorre justamente no trimestre em que os Estados Unidos costumam ser mais competitivos, com o Brasil em entressafra. A China não comprou nada dos Estados Unidos. Isso preocupa porque agora seria o período natural de compra da soja norte-americana, enquanto o Brasil estaria menos vantajoso pela sazonalidade. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) afirmou que o Brasil deve embarcar 7,31 milhões de toneladas de soja em outubro, 64,7% mais do que um ano antes.