16/Oct/2025
Segundo a StoneX, a China continua sem comprar soja dos Estados Unidos e prioriza origens da América do Sul, o que deve sustentar a liderança brasileira nas exportações no início de 2026. O movimento ocorre justamente no trimestre em que os Estados Unidos costumam ser mais competitivos, com o Brasil em entressafra. A China não comprou nada dos Estados Unidos. Isso preocupa porque agora seria o período natural de compra da soja norte-americana, enquanto o Brasil estaria menos vantajoso pela sazonalidade. As cotações futuras na Bolsa de Chicago vêm oscilando em faixa estreita há mais de um ano. Em 12 meses, o mercado ficou contido entre US$ 9,50 e US$ 11,00 por bushel. É o quarto ciclo seguido em que a produção mundial supera o consumo, o que limita movimentos de alta. Mesmo no mercado climático norte-americano, a volatilidade foi baixa, sem ameaças relevantes do lado da oferta.
Nos Estados Unidos, a área de soja caiu porque o milho esteve mais atrativo no plantio, mas a produtividade caminha para recorde. A produção deve ficar ao redor de 117 milhões de toneladas, ante quase 119 milhões no ciclo anterior, com rendimento próximo de 3,6 toneladas por hectare. Os estoques permanecem confortáveis. O ponto de atenção são as exportações, que ainda podem ter mudanças quando a divulgação de dados voltar, após a paralisação do governo norte-americano, que interrompeu os relatórios oficiais. Comparando o comportamento atual da China ao período de 2018 e 2019: na primeira guerra comercial, houve queda das importações totais por causa da peste suína africana (PSA). Agora, a demanda está firme: a China compra mais de forma geral, mas zera os Estados Unidos e desloca a origem para o Brasil, além de Argentina, Paraguai e Uruguai.
Para o Brasil, a leitura é favorável no curto prazo e na virada do ano. A safra 2025/2026 foi revista para 178,6 milhões de toneladas em outubro, com plantio avançando dentro da janela. O Brasil começará o ano ganhando competitividade na exportação para a China com a safra nova, que pode ser recorde. A escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China adiciona incerteza ao mercado. O presidente norte-americano, Donald Trump, classificou a postura da China como “ato economicamente hostil” e ameaçou impor tarifas adicionais sobre produtos chineses, além de suspender acordos envolvendo óleo de cozinha. Tem muitas outras coisas envolvidas numa guerra comercial entre os dois países, mas, a soja, no lado agrícola, é um ponto bem importante. Um eventual acordo entre as duas potências poderia alterar o quadro de preços.
Se tiver algum acordo entre os dois países que envolva a soja, pode ser um fator altista para a Bolsa de Chicago e até impacto negativo na exportação brasileira, caso envolva volumes grandes da China com os Estados Unidos. A capacidade de a China sustentar a estratégia de evitar a soja norte-americana continua incerta. Há dúvidas sobre até que ponto a China vai conseguir manter essa destruição de demanda por soja norte-americana se a demanda da China continua crescendo. É um ponto de atenção importante. Além da guerra comercial, o mercado acompanha a demanda por biocombustíveis. Nos Estados Unidos, o diesel renovável deve ganhar força com mandatos maiores nos próximos dois anos, o que tende a incentivar o esmagamento. No Brasil, há expectativa de continuidade na mistura de biodiesel, apesar do adiamento do B16. Com a China priorizando origens sul-americanas, o Brasil deve entrar 2026 em posição vantajosa para liderar os embarques no primeiro trimestre, quando a nova safra começar a ser colhida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.