15/Oct/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (14/10) acreditar que a China, ao não comprar "intencionalmente” a soja norte-americana e causar dificuldades para produtores de soja do país, comete um "ato de hostilidade" econômica. Diante disso, o republicano disse considerar encerrar relações comerciais com o país asiático em relação a óleo de cozinha e "outros elementos de comércio" como forma de retaliação. Trump afirmou que os norte-americanos podem "facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, não precisamos comprá-lo da China". A declaração surge em meio às já renovadas tensões comerciais entre as duas potências globais, após ameaças de tarifas adicionais de 100% à China e possíveis retaliações do lado chinês com sobretaxas portuárias. A fala de Trump se refere ao UCO (Used Cooking Oil), o óleo de cozinha usado que é reciclado e transformado em biocombustível.
Os Estados Unidos importam grandes volumes desse óleo da China, responsável por cerca de 40% do fornecimento global. Só em 2024, mais de 1,2 milhão de toneladas foram embarcadas para os Estados Unidos e utilizadas principalmente em refinarias de diesel renovável e biodiesel. Se essa taxação avançar, o impacto seria direto. Os custos de produção de biocombustíveis nos Estados Unidos subiriam, já que esse óleo chinês teria de ser substituído por fontes locais, mais caras e com menor disponibilidade. Isso encarece a cadeia energética e pressiona as margens das refinarias norte-americanas. Na Bolsa de Chicago, o reflexo mais imediato tende a ser de queda na soja. A fala de Trump reforça o temor de que a China siga evitando compras de soja norte-americana, o que reduz as expectativas de exportação e desanima os fundos.
Para o óleo vegetal, o efeito é diferente: o corte de importações de UCO pode até gerar uma demanda pontual por óleo de soja dentro dos Estados Unidos, já que parte do óleo usado é substituída por produtos de origem vegetal. Mas, esse movimento deve ter valorização limitada, pois o óleo reciclado e o óleo vegetal ocupam nichos distintos e o volume importado, apesar de grande, ainda é pequeno diante do consumo total norte-americano. No fundo, a ameaça de Trump eleva o tom da disputa, mas também mostra que os dois lados estão pressionando para negociar. Esse tipo de provocação costuma anteceder novas rodadas de conversa e pode até acelerar um acordo comercial, já que ambos os países sofrem com o impacto das restrições. Fontes: Broadcast Agro e Royal Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.