14/Oct/2025
Segundo a Terrain, a demanda da China por soja passa por mudanças estruturais que devem reduzir as importações pelo país para cerca de 100 milhões de toneladas em 2025/2026, com tendência de queda gradual nos próximos anos. O movimento reflete estoques elevados, menor consumo de carne suína e margens mais apertadas no esmagamento, fatores que estão redesenhando o mapa global do grão e reduzindo o espaço dos Estados Unidos nas exportações ao país asiático. A China entra no novo ciclo com estoques recordes e uma relação estoque/consumo acima de 30%, o que naturalmente reduz a necessidade de importação. O envelhecimento da população, a preferência crescente por frango e peixe e as margens mais apertadas do esmagamento reduzem o apetite por soja. O consumo de óleo também vem enfraquecendo com a queda na demanda do setor de alimentação fora do lar, o que pressiona ainda mais as indústrias de processamento.
O rebanho suíno chinês permanece estável desde a reconstrução pós-peste suína africana (PSA), mas as autoridades orientaram os criadores a reduzirem o número de matrizes e o peso dos suínos para conter a produção. A Academia Chinesa de Ciências Agrícolas projeta o consumo de ração para suínos em 141 milhões de toneladas em 2029, uma leve queda em relação às 142 milhões de toneladas de 2024, sinalizando um padrão de estabilidade e demanda limitada por farelo de soja. A China ainda não comprou soja norte-americana da safra 2025/2026. O país mantém uma tarifa de 23% sobre o grão, mas a cobrança está suspensa até 10 de novembro, prazo que pode ou não ser renovado. Essa janela será decisiva. Uma notícia comercial positiva pode desencadear alta nos preços, mas se a China continuar evitando a soja norte-americana até janeiro, o Brasil estará pronto para atender às suas necessidades, desde que o clima coopere.
O Brasil caminha para uma nova safra recorde de 175 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), enquanto estimativas privadas apontam até 181 milhões de toneladas. As exportações brasileiras devem chegar a 112 milhões de toneladas, o mesmo volume previsto para as importações chinesas. A manutenção da Moratória da Soja limita a expansão associada ao desmatamento, mas a disponibilidade de áreas de pastagem segue permitindo o crescimento da produção. A parceria logística e comercial entre Brasil e China, iniciada em 2004 com o primeiro embarque direto de soja, consolidou o País como fornecedor preferencial. Se o Brasil substituir integralmente a fatia dos Estados Unidos nas compras chinesas, os norte-americanos terão de buscar novos compradores, especialmente na Ásia, no Oriente Médio e na União Europeia. Nos Estados Unidos, o USDA estima produção de 117,05 milhões de toneladas em 2025/2026, queda de 1,5% em relação ao ciclo anterior, mesmo com produtividade média recorde de 3,6 toneladas por hectare.
Os estoques finais devem recuar quase 10%, mas há risco de revisão negativa. O excesso de chuvas no oeste e a seca no leste do cinturão do milho aumentam a incerteza sobre a produtividade. A competitividade norte-americana também é afetada por limitações logísticas. O baixo nível do Rio Mississippi restringe o transporte de barcaças e aumenta os custos de exportação. Além disso, novas taxas sobre embarcações de propriedade ou operação chinesa reduzem a flexibilidade das tradings e podem encarecer ainda mais o frete. Na Argentina, a suspensão temporária dos impostos sobre exportação estimulou vendas pontuais de soja para a China, mas o efeito durou poucos dias e não alterou o cenário global de oferta. Na Bolsa de Chicago, os preços da soja devem permanecer entre US$ 9,50 e US$ 10,50 por bushel até o fim do ano, em movimento lateral enquanto o mercado aguarda definição sobre a política de biocombustíveis nos Estados Unidos e avanços nas negociações com a China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.