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09/Oct/2025

EUA: dúvidas sobre possível acordo com a China

Segundo a StoneX, o pacote de ajuda aos produtores norte-americanos anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, há duas semanas coloca em dúvida a possibilidade de acordo comercial com a China envolvendo soja. Se as negociações demorarem, a janela de exportações dos Estados Unidos para o mercado chinês ficará ainda mais apertada, abrindo espaço para o Brasil capturar demanda a partir de janeiro de 2026. A paralisação do governo dos Estados Unidos por falta de aprovação orçamentária suspendeu a divulgação de relatórios essenciais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deixando o mercado sem referência para tomar decisões. Foram interrompidos os dados semanais de exportação, o relatório mensal de oferta e demanda (Wasde) e os números de posições especulativas da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), a agência que regula o mercado futuro norte-americano. Já faz uma semana que o setor está sem dados. O mercado está operando “meio às cegas".

O volume de negócios caiu nas principais bolsas de commodities agrícolas. Os operadores estão reduzindo posições por cautela, aumentando as trocas de contratos futuros por físico enquanto aguardam a normalização das atividades federais. Donald Trump sinalizou otimismo de que a paralisação não durará muito, mas acrescentou que pode aproveitar a situação para revisar o número de servidores federais e promover cortes. Isso pode ser um problema se parte da equipe do USDA for demitida. A qualidade dos dados pode ser afetada. O pacote de ajuda aos produtores, embora não tenha formato oficial, é estimado pelo mercado entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões. Para os analistas, a permanência do plano na mesa de Trump sinaliza que ele pode não estar tão confiante em fechar um acordo comercial com a China. Se Trump está oferecendo ajuda aos produtores, talvez não esteja tão convencido de que conseguirá um acordo com a China. Essa é a primeira reação do mercado. Trump afirmou há duas semanas que colocará a soja no centro das discussões com o presidente chinês Xi Jinping durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) no fim do mês na Coreia do Sul.

O problema é que a janela de exportações dos Estados Unidos para a China vai de setembro a janeiro. Se as negociações só avançarem no fim de outubro, restarão apenas novembro e dezembro para os embarques ocorrerem. É uma janela muito apertada para os exportadores enviarem soja à China em dois meses. A situação se complica porque o Brasil deve voltar ao mercado em janeiro. O plantio da safra brasileira 2025/2026 está 9% concluído, acima dos 4% do mesmo período do ano passado, indicando ritmo acelerado. As estimativas para a safra variam de 166,5 milhões a 182,9 milhões de toneladas, com consenso em torno de 178 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde. Donald Trump pode conseguir um acordo, mas já bem dentro dessa janela de oportunidade. Sobra pouco tempo, justo quando os brasileiros estão plantando rápido e podem ter uma safra grande, desde que o La Niña não afete a produção. O mercado também demonstra preocupação com o comportamento dos produtores norte-americanos ao receberem a ajuda.

Talvez os agricultores peguem o dinheiro e segurem a safra, não vendam. Isso pode piorar a retenção nas fazendas. O risco existe num momento em que falta espaço de armazenagem. Os Estados Unidos estão 19% atrás no ritmo das exportações de soja, com grandes volumes ainda nas propriedades enquanto a nova safra avança. Cerca de 39% a 40% da soja e um terço do milho já foram colhidos. Há bastante grão disponível. A retenção é um risco, mas ao mesmo tempo não há capacidade de armazenagem para justificar isso. São ideias conflitantes sobre se os agricultores vão segurar ou não a safra. A terceira preocupação envolve os efeitos do pacote na próxima temporada. Se os produtores souberem que receberão ajuda de qualquer forma, podem decidir plantar o máximo possível sem se preocupar tanto com qualidade ou custos de produção. Vão receber dinheiro do governo de qualquer jeito, então talvez não façam tanto esforço com fertilizantes ou defensivos. Há preocupação de que a ajuda possa afetar quantidade ou qualidade na próxima safra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.