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08/Oct/2025

EUA: ausência da China reduz renda de agricultores

A renda dos agricultores dos Estados Unidos deve recuar ao menor nível em quase duas décadas, pressionada pela perda do mercado chinês para o Brasil e pelos custos de produção em alta. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Federação Americana de Bureau Agrícola (AFBF), a receita agrícola das lavouras deve cair de US$ 242,7 bilhões em 2024 para US$ 236,6 bilhões em 2025, o menor nível desde 2007. A soja caiu para menos de US$ 10,00 por bushel, após atingir US$ 15,00 por bushel há apenas três anos, uma queda de 58%. Isso significa que a oleaginosa norte-americana, que valia o equivalente a R$ 202,00 por saca de 60 Kg, hoje está perto de R$ 135,00 por saca de 60 Kg. O milho também perdeu força: chegava a US$ 7,00 por bushel e está mais próximo de US$ 4,00 por bushel hoje, uma queda de 54%. Em Reais, o cereal passou de cerca de R$ 65,00 por saca de 60 Kg para R$ 37,00 por saca de 60 Kg.

Os produtores de soja dos Estados Unidos registram prejuízo médio de US$ 114,15 por acre, o equivalente a R$ 1.500,00 por hectare. Com os preços das safras em queda e as despesas se mantendo estáveis, os produtores enfrentam margens de lucro cada vez menores, muitas vezes negativas. As despesas de produção devem atingir recorde de US$ 467 bilhões em 2025, cerca de R$ 2,49 trilhões, alta de 2,6% em relação a 2024. O fertilizante representa US$ 33,5 bilhões, ou 7% desse total, e a mão de obra, US$ 53,7 bilhões, 11% dos custos. Cada categoria de custo principal conta a mesma história: os insumos permanecem elevados, corroendo a lucratividade e dificultando o reinvestimento dos agricultores em suas operações. A queda na rentabilidade acompanha a perda do principal comprador. As exportações de soja dos Estados Unidos para a China totalizaram apenas 5,9 milhões de toneladas entre janeiro e agosto de 2025. No mesmo período do ano passado, foram 26,8 milhões de toneladas.

Durante junho, julho e agosto, os Estados Unidos praticamente não enviaram soja para a China e o país não comprou novos volumes da safra 2025/2026. Já o Brasil exportou cerca de 68 milhões de toneladas, no mesmo intervalo, consolidando o domínio sul-americano no maior mercado mundial. Mesmo quando os agricultores norte-americanos produzem uma safra competitiva, a ausência de uma demanda consistente da China deixa um buraco difícil de preencher. Segundo o USDA, as exportações agrícolas totais dos Estados Unidos para a China devem cair 30% em 2025, para US$ 17 bilhões, e despencar para US$ 9 bilhões em 2026, o menor valor desde a guerra comercial de 2018. O declínio reflete mais do que um único ano ruim; faz parte de uma tendência mais longa. A China comprou mais de US$ 25 bilhões em produtos agrícolas norte-americanos em 2012, mas reduziu essas compras para cerca de US$ 9 bilhões em 2018, antes do Acordo de Fase 1 assinado em 2020. Desde então, a China passou a diversificar seus fornecedores, priorizando o Brasil e a Argentina.

A China tem buscado estabilidade de preços e segurança alimentar, espalhando suas compras entre diferentes países para evitar dependência dos Estados Unidos. O colapso das exportações não se limita à soja. A China não comprou milho, trigo ou sorgo dos Estados Unidos este ano, e as exportações de carne suína e algodão continuam em níveis reduzidos. O estresse financeiro já se reflete nos dados. Em 2024, mais de 200 propriedades agrícolas norte-americanas entraram com pedido de falência. Os Estados Unidos perderam completamente mais de 140 mil fazendas de 2017 a 2022, e mais 20 mil nos últimos dois anos. Para o Brasil, o cenário consolida a posição como principal fornecedor global de soja. Entre janeiro e agosto, o País exportou 68 milhões de toneladas para a China, volume 11,5 vezes superior ao dos Estados Unidos no mesmo período. A expectativa é que o Brasil mantenha a liderança nas compras chinesas também na safra 2025/2026, ampliando a vantagem competitiva diante da crise de rentabilidade enfrentada pelos produtores norte-americanos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.