08/Oct/2025
Segundo relatório do CoBank, os Estados Unidos estão prestes a colher uma safra recorde de 546 milhões de toneladas de milho, soja e sorgo, um aumento de 10% em relação ao ano passado, mas o desafio não está apenas no campo: falta espaço para armazenar tanto grão. O país, que em 2024 tinha um excedente de capacidade em sistemas de armazenagem, agora encara déficit de 1,8 milhão de toneladas, que sobe para 35,6 milhões de toneladas entre os principais Estados produtores de milho. A solução imediata tem sido recorrer a bunkers, sacos e até pilhas no chão, aumentando custos e riscos de perdas. A pressão sobre a logística é ampliada pela ausência da China nas compras de soja e sorgo, que deixa os produtores sem saída imediata para parte da safra.
Muitos agricultores avaliam manter grãos estocados na fazenda, mas nem sempre dispõem de espaço ou experiência para armazenar produtos mais sensíveis, como a soja. Os armazenadores, por sua vez, podem optar por dar prioridade ao milho e ao trigo, cujos programas de exportação seguem aquecidos. Enquanto milho e trigo registram altas expressivas nas vendas externas (94% e 41% acima do ano passado, respectivamente), a soja amarga queda de 51% e o sorgo de 58%. Essa diferença de desempenho muda o fluxo da logística: os embarques via ferrovia e via Rio Mississippi tendem a privilegiar as culturas mais competitivas, embora os baixos níveis de água no rio e a escassez de vagões para o noroeste do Pacífico representem obstáculos.
A combinação de safra volumosa, capacidade limitada de armazenagem e incertezas comerciais cria um ambiente desafiador para produtores e comerciantes. Para os agricultores, cresce a tentação de reter grãos à espera de preços mais altos. Os armazenadores e traders devem elevar tarifas de armazenagem e buscar equilíbrio entre custo de estocagem e oportunidade de capturar ganhos no mercado futuro. No curto prazo, o gargalo logístico norte-americano parece menos um problema de produção e mais um reflexo da falta de destino para parte da safra, sobretudo enquanto a China mantiver distante sua demanda por soja e sorgo dos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.