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08/Oct/2025

Biodiesel: implementação do B16 pode ser adiada

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a implementação de uma mistura de 16% de biodiesel no diesel (B16) a partir de março do ano que vem, conforme um cronograma oficial de aumento da mescla do biocombustível no Brasil, pode não ser possível no prazo previsto. Até lá, pode não haver tempo suficiente para a realização de todos os estudos técnicos necessários para elevar a mistura, que atualmente está em 15%. O prazo de março/2026 é altamente desafiador. Há alguns passos a dar até fechar o entendimento, um relatório, que materialize essa realidade técnica. Não há previsão para a implantação da mistura B16. A possível postergação do prazo pode impactar principalmente a indústria de óleo de soja, matéria-prima que chega a responder por mais de 75% da produção de biodiesel no Brasil. O setor tem investido de olho em uma mistura mais alta do biocombustível. Nos próximos 12 meses, serão R$ 5,9 bilhões, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A mistura de B15 em 2025, que deveria ter entrado em vigor em março deste ano, foi implementada somente em agosto, com o governo citando preocupações inflacionárias no início do ano. O MME tem que buscar cumprir o que está na Lei do Combustível do Futuro, fazendo esforços para isso, mas a legislação também exige que a alta da mistura seja condicionada à viabilidade técnica. A lei estabelece alta gradual da mistura, de 1% por ano, podendo chegar a 20% até 2030. O setor produtivo de biodiesel tem tido boa relação com entidades representativas das indústrias de peças de veículos e automotiva, para que eventualmente os testes possam ser mais céleres. Isso pode se traduzir em testes mais simples e curtos. O governo deverá formar um comitê com os representantes da indústria produtora, juntamente com entidades da indústria automotiva, para que sejam definidos os testes de uma mistura mais alta de biodiesel. Não há previsão de quando este comitê poderia ser formado.

É importante que o governo e os setores construam este processo em uma base “sólida”, para que uma eventual mistura mais alta não tenha sua viabilidade contestada. Para a União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio) já há viabilidade técnica para o uso de uma mistura maior B16. Várias empresas estão usando B100, várias montadoras já fizeram testes para B20. Se for necessário fazer algum estudo mais aprofundado, que seja feito ao longo do próximo ano, mas que se cumpra essa escala para o B16, para que os planos da indústria não sejam frustrados. Para a entidade, o governo é pressionado por diversos lados. Isso promove uma discussão que às vezes não tem a mesma celeridade que o Brasil necessita.

O Brasil está diante de uma “supersafra de soja”, garantindo a oferta de matéria-prima, e que o maior uso de biodiesel seria importante para sustentar investimentos e a geração de empregos e renda. É uma oportunidade para avançar com a mistura, para dar confiança a todo o mercado do agro brasileiro, dando mais oportunidade à utilização do óleo e do farelo de soja. O farelo de soja, além do óleo, é outro derivado do esmagamento da soja, destinado à fabricação de ração animal. O setor no Brasil tem capacidade produtiva instalada e aprovada pela reguladora do setor ANP de 15 bilhões de litros por ano, mas ainda há outras empresas entrando no segmento. E as que já têm fábricas estão expandindo operações, disse a Ubrabio. Para atender um B15 serão necessários quase 10 bilhões de litros de biodiesel. Se o B16 for implantado em março de 2026, serão mais 700 milhões de litros produzidos. Fonte: IstoÉ Dinheiro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.