07/Oct/2025
A paralisação do governo dos Estados Unidos, que fez com que a divulgação de importantes relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) fosse interrompida, deve deixar traders na Bolsa de Chicago mais cautelosos. Dados como os de vendas externas e progresso de safra costumam influenciar os preços de grãos, e a interrupção ocorre num momento em que a colheita de soja e de milho avança nos principais Estados produtores do país. Com isso, o mercado fica dependente de relatos pontuais de campo, que tendem a gerar números menos precisos e maior especulação. O levantamento semanal da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) com o posicionamento de traders também não está sendo publicado, o que aumenta a incerteza dos investidores. Segundo a AgRural, o mercado vai ficar muito perdido e de lado.
Sem USDA, ninguém sabe como está a colheita, a condição das lavouras e as exportações. É um mercado que tende a lateralizar ainda mais. Na semana passada, os mercados de grãos na Bolsa de Chicago se animaram um pouco após o governo dos Estados Unidos prometer ajuda a produtores americanos afetados pelas tarifas impostas pelo país. A expectativa é de que a maior parte do auxílio vá para produtores de soja, que vêm sentindo a ausência de compras chinesas. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o pacote de ajuda será anunciado nesta terça-feira (07/10). Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a soja será um dos principais tópicos da discussão que terá com o presidente da China, Xi Jinping, em quatro semanas. A Capital Economics alertou que os investidores devem receber com cautela eventuais manchetes sobre as conversas entre os dois países.
A China não cumpriu as metas de compra prometidas em um acordo feito durante o primeiro mandato de Trump. Mesmo que um novo pacto seja fechado no fim de outubro, é incerto se os volumes seriam suficientes para compensar a fatia perdida pelos Estados Unido no fornecimento à China em 2025, já que a América do Sul ampliou sua participação no abastecimento do país asiático. No caso do milho, os Estados Unidos vinham vendendo volumes expressivos para o exterior, mas a falta de dados oficiais agora deixa tudo mais incerto. De acordo com os números mais recentes disponíveis, exportadores norte-americanos tinham vendido 25,757 milhões de toneladas de milho da safra 2025/2026 até 18 de setembro. O volume, recorde para o período, representa aumento de 74,7% ante o registrado em igual período do ano passado, de 14,744 milhões de toneladas.
Quanto à soja, as vendas da safra 2025/2026 totalizavam 11 milhões de toneladas em 18 de setembro, queda de 37% na comparação anual e o menor volume em 17 anos. As vendas de trigo alcançavam 13,64 milhões de toneladas, aumento de 23,7% ante igual período do ano anterior. Apesar das boas vendas externas dos Estados Unidos, o trigo vem sendo pressionado pela oferta global abundante. As colheitas no Hemisfério Norte têm sido volumosas e as perspectivas também são boas para o Hemisfério Sul. Analistas estimam produção de 35 milhões de toneladas na Austrália e de 22 milhões de toneladas na Argentina. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires disse que 97% da safra argentina apresentava condição entre normal e excelente na última semana, sem variação ante a semana anterior. Até o momento, as estimativas de rendimento estão próximas das máximas históricas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.