29/Sep/2025
A participação do óleo de soja na margem de lucro da indústria esmagadora (o “crush margin”) alcançou o recorde de 50,3% no dia 25 de setembro, superando a parcela do farelo de soja, que caiu para 49,7%. Trata-se de um fato inédito, considerando-se a série de cálculo do Cepea, realizado com base nos preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados na região de São Paulo. Como comparação, em 2024, a participação média do óleo de soja na margem foi de apenas 37,8%, enquanto a do farelo correspondeu por 62,2%. Ressalta-se que, a cada tonelada de soja esmagada, em média, cerca de 78% equivalem ao farelo e apenas 19%, ao óleo de soja. Esse cenário se deve aos recuos um pouco mais intensos nos valores do farelo e da soja em grão. O óleo também apresenta desvalorização, mas de forma leve. A demanda por óleo de soja, sobretudo para a produção de biodiesel, segue em expansão tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, contexto que vem sustentando os valores do derivado nos últimos meses.
O recente enfraquecimento nos preços domésticos do complexo soja, por sua vez, está atrelado à entrada da safra 2025/2026 dos Estados Unidos e à isenção temporária das retenciones (impostos de exportação) na Argentina. Essa medida atraiu importadores para o país vizinho e pressionou as cotações no Brasil e nos Estados Unidos. O governo argentino havia anunciado, em 22 de setembro, a eliminação temporária das retenciones para alguns produtos agrícolas, como complexo soja, milho, trigo, girassol, cevada e sorgo. A última vez que o país havia zerado as alíquotas do complexo soja foi em março de 2002. O decreto teria validade até 31 de outubro ou até que as exportações atingissem a cota de US$ 7 bilhões. Contudo, já em 24 de setembro, o governo argentino informou ter alcançado o limite em apenas três dias, revogando a suspensão.
Após a retomada das taxas de exportação na Argentina, no dia 25 de setembro, os preços do complexo soja no Brasil e nos Estados Unidos registraram leve recuperação, o que limitou as quedas no balaço dos últimos sete dias. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte recuo de 4,2%, cotado a R$ 133,91 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 4,4% nos últimos sete dias, a R$ 128,29 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços apresentam queda de 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto ao farelo de soja, os preços têm baixa de 1,6% nos últimos sete dias.
O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra recuou de 1% no mesmo período, a R$ 7.556,95 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2025 da soja registra queda de 2,4% nos últimos sete dias, para US$ 10,12 por bushel. Com base no vencimento de Outubro/2025, as desvalorizações são de 1,6% para o óleo de soja e de expressivos 5,1% para o farelo, com respectivos fechamentos em US$ 1.096,57 por tonelada e US$ 296,08 por tonelada. As atividades de campo seguem avançando no Brasil e nos Estados Unidos, e agentes acompanham de perto as condições climáticas. No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a semeadura de soja foi iniciada no Paraná, em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Do total da área nacional estimada, de 49,08 milhões de hectares, 0,6% haviam sido cultivados até 20 de setembro.
O Paraná é o Estado mais avançado nesta temporada, favorecido pelas chuvas no início do mês. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), dos 5,7 milhões de hectares destinados à soja no Paraná, 13% haviam sido semeados até 23 de setembro. Entre as regiões, destacam-se Toledo (63%), Cascavel (42%), Pato Branco (22%), Campo Mourão (20%) e Umuarama (13%). Municípios como Francisco Beltrão, Laranjeiras do Sul e Ponta Grossa também já iniciaram a semeadura. Nos Estados Unidos, o clima seco tem favorecido a colheita. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 21 de setembro, 9% da área total de 32,5 milhões de hectares havia sido colhida, abaixo dos 12% de um ano antes, mas em linha com a média dos últimos cinco anos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.