22/Sep/2025
O dólar registrou, na semana passada, o menor patamar desde junho/2024, contexto que afastou os vendedores das negociações envolvendo grandes volumes de soja. A desvalorização da moeda norte-americana tende a pressionar a paridade de exportação e, consequentemente, os valores internos. Com isso, parte desses agentes, no intuito de garantir margem com o atual preço da soja (ressalta-se que, mesmo com a recente baixa, o valor médio deste mês da oleaginosa é o maior do ano, em termos reais) e de liquidar parte do remanescente da safra 2024/2025, opta por comercializar volumes com entregas no mercado spot em até sete dias, mas com prazo de pagamento atípico, de mais de 100 dias após a entrega. Esses agentes tentam aproveitar oportunidade de negócios, uma vez que a queda da taxa de juros nos Estados Unidos (de 0,25%) e a estabilidade na taxa de juros no Brasil (que está no maior nível desde 2006) podem atrair dólar para o mercado brasileiro e reduzir a taxa cambial e, consequentemente, diminuir a paridade de exportação.
Com isso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,9%, cotado a R$ 139,81 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também registra queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 134,18 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da oleaginosa registram recuo de 0,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Uma outra parte dos agentes, no entanto, está cautelosa nas negociações, atenta às atividades de campo nos Estados Unidos e no Brasil. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 14 de setembro, a colheita da safra 2025/2026 no país havia alcançado 5% dos 32,5 milhões de hectares cultivados, com produção estimada em 117,05 milhões de toneladas. No Brasil, é a semeadura da safra de verão (1ª safra 2025/2026) que está no início, mas os produtores estão aguardando umidade do solo mais propícia para o cultivo.
No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que 3% da área foi semeada no Estado, enquanto agentes sinalizam que, no oeste paranaense, a semeadura já passa de 30%. Os produtores da Região Centro-Oeste do País, no entanto, mostram preferência por aguardar chuvas mais consistentes. Esses agentes estão atentos para a possibilidade de formação do fenômeno climático La Niña no Brasil, o que pode provocar secas no Centro-Oeste do Brasil, geadas na Região Sul e atraso nas chuvas na Região Sudeste. De acordo com a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/2026, a área de cultivo de soja no Brasil pode somar um recorde de 49,08 milhões de hectares, com produção em 177,6 milhões de toneladas da oleaginosa, um pouco mais otimista que o USDA, que estima produção brasileira em 175 milhões de toneladas. A exportações são projetadas pela Conab em volume recorde de 112,12 milhões de toneladas, em linha com as 112 milhões de toneladas estimadas pelo USDA.
As exportações dos Estados Unidos foram revisadas pelo USDA em 45,86 milhões de toneladas, o menor volume desde a safra 2019/2020. O Paraguai vem se destacando nos embarques de soja, sendo o terceiro maior exportador global e devendo abastecer o mercado com 7,7 milhões de toneladas. As importações da China seguem estimadas em 112 milhões de toneladas e as da União Europeia foram revisadas para 14,3 milhões de toneladas de soja (0,7% acima do relatório passado). O consumo de soja no Brasil pode alcançar volume recorde de 63,3 milhões de toneladas, de acordo com a Conab, pouco acima das 62,3 milhões de toneladas estimadas pelo USDA, sendo que 58 milhões de toneladas devem ser destinadas ao esmagamento (segundo o USDA). A ampliação no processamento da soja se deve à maior demanda por óleo, que, por sua vez, tem produção estimada em 11,94 milhões de toneladas pela Conab e em 11,82 milhões de toneladas pelo USDA, ambas recordes. O consumo nacional de óleo de soja é projetado em 10,6 milhões de toneladas pela Conab e em 10,45 milhões de toneladas pelo USDA.
O setor industrial deve absorver 61,2% do consumo nacional, quantidade histórica para o setor, segundo o USDA. Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 7.631,65 por tonelada, o maior valor nominal desde 18 de novembro de 2024. Vale ressaltar que a demanda por farelo de soja também segue em crescimento, mas a maior necessidade de esmagamento para suprir a demanda por óleo deve elevar o excedente do farelo no Brasil, o que impede uma reação dos preços. Na média das regiões, o farelo de soja apresenta desvalorização de 0,4% nos últimos sete dias. A produção de farelo de soja é estimada pela Conab em volume recorde de 45,93 milhões de toneladas para a safra 2025/2026 e em 44,77 milhões de toneladas pelo USDA. Deste volume, a Conab indica que 20 milhões de toneladas devem ser destinadas ao consumo nacional e 24,8 milhões de toneladas, às exportações, ambos os volumes são recordes. Ainda assim, o estoque final é projetado em 6,59 milhões de toneladas, acima das 5,46 milhões de toneladas previstas para a safra 2024/2025. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.