15/Sep/2025
Agricultores dos Estados Unidos estão perdendo bilhões de dólares em vendas de soja para a China, na metade da principal temporada de comercialização, conforme as negociações comerciais paralisadas interrompem as exportações e os fornecedores rivais da América do Sul entram em cena para preencher a lacuna. Os importadores chineses reservaram aproximadamente 7,4 milhões de toneladas de soja, principalmente da América do Sul, para embarque em outubro, cobrindo 95% da demanda projetada da China para o mês, e 1 milhão de toneladas para novembro, ou cerca de 15% das importações esperadas, de acordo com dois traders baseados na Ásia. Nessa época do ano passado, os compradores chineses haviam reservado cerca de 12 milhões a 13 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos para embarque entre setembro e novembro.
Os Estados Unidos normalmente enviam a maior parte de sua soja para a China entre setembro e janeiro, antes que a safra do Brasil chegue ao mercado, mas os compradores chineses ainda não reservaram nenhuma carga dos Estados Unidos para o novo ano-safra. Em 2024, a China comprou cerca de 20% de sua soja dos Estados Unidos, ante 41% em 2016, segundo dados alfandegários. De janeiro a julho de 2025, a China importou 42,26 milhões de toneladas do Brasil, enquanto os embarques dos Estados Unidos totalizaram 16,57 milhões de toneladas. Os grãos sul-americanos devem abastecer a China até o final do ano. A ausência prolongada de compras por parte da China deve pesar ainda mais sobre os futuros da soja na Bolsa de Chicago, que já estão próximos das mínimas de cinco anos.
A soja dos Estados Unidos é cerca de US$ 0,80 US$ 0,90 por bushel mais barata do que a soja brasileira para embarque em setembro-outubro, mas a tarifa de 23% imposta pela China sobre os embarques dos Estados Unidos acrescenta US$ 2,00 por bushel ao custo para os importadores. Embora outros países tenham reservado soja dos Estados Unidos, a AgResource estima que, se a China se mantiver fora do mercado norte-americano até meados de novembro, o total de vendas perdidas para o país poderá chegar a 14 milhões a 16 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deve começar a reduzir sua previsão de exportação de soja norte-americana para 2025/2026 nos relatórios mensais de estimativas de oferta e demanda mundial se a guerra comercial não for resolvida.
No cenário anterior, o USDA fixou as exportações de soja dos Estados Unidos em 46,4 milhões de toneladas para 2025/2026, já abaixo das 51,02 milhões de toneladas de um ano atrás. Ainda assim, a China não fechou completamente as portas para a soja dos Estados Unidos, com muitas compras ainda a serem feitas para entrega de novembro a janeiro. Segundo a AgRadar Consulting, a soja dos Estados Unidos está atualmente com preços atrativos para muitos compradores não chineses, especialmente com a concorrência limitada durante a temporada de pico de vendas. Em contraste, a forte demanda chinesa elevou os preços da soja brasileira à medida que a temporada de vendas se encerra.
Se um acordo comercial entre a China e os Estados Unidos for fechado, as perspectivas para a soja norte-americana poderão melhorar significativamente. A soja brasileira cara ameaça os lucros dos processadores chineses de sementes oleaginosas, com as margens de esmagamento em Rizhao, o principal centro de processamento da China, tornando-se negativas nas duas últimas semanas, depois de terem sido positivas no início de agosto. As importações de soja da China atingiram recordes em maio, junho, julho e agosto, aumentando os estoques, em parte como uma proteção dos compradores contra possíveis interrupções no fornecimento no quarto trimestre. “Não há muito o que dizer sobre a China neste momento”, disse um exportador de soja dos Estados Unidos. “Se estivéssemos em tempos normais, estaríamos fazendo 15 cargas por semana”. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.