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09/Sep/2025

EUA: setor vive grave crise com ausência da China

Segundo a Associação Americana de Soja (ASA), a crise atual enfrentada pelos produtores de soja dos Estados Unidos é mais grave do que a registrada em 2018, quando o comércio com a China entrou em colapso. A ausência de compras chinesas no início do ano comercial 2025/2026 (setembro a agosto) pressiona preços e margens de forma inédita, colocando em risco a sobrevivência de milhares de agricultores. Alguns produtores já dizem que, sem a volta da China ou algum tipo de ajuda, esta será sua última safra. A nova temporada começou em 1º de setembro sem nenhuma tonelada vendida à China, quando o normal seria entre 5 milhões e 12 milhões de toneladas já contratadas. Há rumores que compradores receberam instruções para não adquirir soja norte-americana. A tarifa de 20% sobre o produto dos Estados Unidos mantém a oleaginosa brasileira mais barata, favorecendo exportações do Brasil e ampliando a dificuldade norte-americana.

A ausência chinesa não pode ser compensada por outros destinos. A China compra mais soja do que todos os outros países juntos. Nenhum mercado tem tamanho suficiente para substituir esse volume. Enquanto Brasil e Argentina seguem atendendo à demanda asiática, os Estados Unidos acumulam estoques elevados e enfrentam basis, a diferença entre o preço praticado no interior e a cotação na Bolsa de Chicago, em níveis semelhantes aos observados na guerra comercial de 2018/2019. O quadro se agrava com custos de produção mais altos. Naquela época, os preços eram maiores e os insumos, menores. Hoje, fertilizantes continuam caros e o preço de máquinas e peças praticamente dobrou em cinco anos. Em algumas regiões, os preços locais já caíram abaixo de US$ 9,00 por bushel. A falta de liquidez já começa a atingir o sistema financeiro rural.

Bancos em Arkansas estimam que até 40% dos agricultores podem não conseguir plantar na próxima safra. No estado de Dakota do Norte, alguns armazéns sinalizam que podem deixar de receber soja em regiões onde o preço local caiu abaixo de US$ 9,00 por bushel porque não há compradores finais dispostos a assumir o grão nesse patamar. A base financeira dos produtores está mais enfraquecida do que em 2018, e isso torna a crise mais perigosa. Problemas logísticos se somam à pressão de preços. O Rio Mississippi, rota fundamental para escoamento, opera com nível baixo, obrigando barcaças a reduzir carga e elevando custos de transporte. Está acontecendo no pior momento possível, quando os produtores estão precisando de fretes mais baratos. Apesar da gravidade, a ASA não reivindica um novo programa de pagamentos emergenciais, como o Market Facilitation Program (MFP), subsídios emergenciais adotados no governo Trump em 2018.

Pagamentos ajudam a sobreviver, mas não substituem mercados. No fim, eles se capitalizam em terras e arrendamentos. O setor prefere buscar acordo que devolva acesso ao mercado chinês. Estão sendo realizados encontros de emergência com agricultores. A ASA apelou por mobilização política, pedindo aos produtores que usem as redes sociais, conversem com seus senadores e deputados, e enviem mensagem ao presidente norte-americano, Donald Trump. A soja precisa estar no topo da pauta das negociações com a China. O setor pode enfrentar dificuldades maiores nos próximos meses se não houver avanço diplomático. Sem acordo, a diferença entre preços locais e futuros vai se ampliar, as cotações vão cair e a pressão sobre armazenamento vai crescer. É por isso que esta crise é pior do que a de 2018. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.