05/Sep/2025
Segundo o BTG Pactual, os contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago devem continuar pressionados nos próximos meses pela ausência da China nas compras da nova safra norte-americana 2025/2026, cenário que configura o pior início de campanha exportadora dos Estados Unidos em uma década. A leitura é de maior assimetria para a queda nos preços no referencial da Bolsa de Chicago. Os compromissos de exportação da safra 2025/2026 somam apenas 7,2 milhões de toneladas, em comparação com média histórica de 15,5 milhões de toneladas para o período. O principal motivo de uma tão tímida campanha é a ausência da China nas compras da safra nova: até o momento, não há volumes oficiais comprometidos para o país asiático. A média para a mesma época nos últimos dez anos é de 5 milhões de toneladas.
A análise mostra, ainda, uma divergência entre os dados oficiais e o que o mercado precifica. O estoque/consumo projetado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está em 6,7%, mas os preços atuais na Bolsa de Chicago refletem um nível de 9,4%. Isso significa que os investidores já antecipam redução nas exportações, aumento da produção ou combinação de ambos os cenários. No front da oferta, o USDA reduziu a área plantada em 3% no relatório mensal de oferta e demanda (Wasde) de agosto, fixando-a em 33,9 milhões de hectares. A produção foi mantida em 116,82 milhões de toneladas, mas as revisões mais fortes em soja costumam ocorrer entre setembro e outubro, quando as medições de campo ganham precisão. Levantamentos de campo citados pelo BTG apontaram produtividade de 3,56 toneladas por hectare, em linha com a projeção oficial de 3,60 toneladas por hectare.
As contagens de vagens indicaram incremento relevante em estados-chave: Minnesota (+20,4% em relação a 2024), Nebraska (+15%) e South Dakota (+15,9%). O crop tour do Pro Farmer confirmou o forte potencial da soja nos Estados Unidos em 2025. O cenário de grande oferta combinado com demanda externa fraca pela ausência chinesa cria ambiente desfavorável aos preços. As exportações norte-americanas dependem da China para ganharem tração, e sem o maior importador mundial, os Estados Unidos ficam limitados ao mercado residual. Há apenas um risco altista no horizonte. O principal risco é uma surpresa altista nas exportações com destino a outros mercados ex-China, cujo impulso viria de um dólar fraco globalmente, como ocorreu no milho norte-americano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.