03/Sep/2025
Panorama Geral
A produção de girassol no Brasil ainda é pequena em comparação às grandes oleaginosas, mas vem ganhando importância estratégica como cultura de rotação, sobretudo no Centro-Oeste. Após um período de retração causado por custos elevados e competição com o milho safrinha, o setor retomou crescimento a partir de 2022. A área plantada mais que dobrou até 2025, com destaque para Goiás, que se consolidou como principal estado produtor devido ao clima favorável, solos do Cerrado, apoio institucional e presença de indústrias locais.
Fatores Favoráveis
• Rotação de culturas: o girassol melhora o aproveitamento do solo, ajuda na ciclagem de nutrientes (principalmente potássio) e é alternativa rentável após a soja.
• Baixa exigência de insumos: aproveitamento de fertilizantes residuais da soja e uso dos mesmos equipamentos já empregados em soja e milho.
• Demanda crescente: consumo interno de óleo de girassol em alta, impulsionado pela percepção de produto mais saudável, além de usos em margarina, alimentos e ração animal.
• Apoio institucional e de mercado: cooperativas e empresas, como a Caramuru Alimentos, oferecem contratos de integração e compra garantida.
• Pesquisa e inovação: cultivares adaptadas pela Embrapa e outras instituições fortalecem a produtividade.
Principais Desafios
• Competição com outras culturas: milho safrinha e algodão oferecem maior rentabilidade em várias regiões.
• Infraestrutura e logística: grão de baixa densidade aumenta custos de frete, chegando a até três vezes o valor do transporte da soja.
• Riscos climáticos e fitossanitários: excesso de chuvas pode favorecer mofo branco; pragas como a lagarta Spodoptera ameaçam a produtividade.
• Volatilidade de preços: sensibilidade a choques de oferta e custos de insumos, além de pequena escala de produção.
Situação Produtiva e Comercial
• O Brasil responde por menos de 0,2% da produção mundial, ocupando a 18ª posição global.
• Área plantada em 2024/25: 67 mil ha, produção estimada em 99 mil toneladas, com rendimento médio de 1,6 t/ha.
• Comércio: o país segue como importador líquido de sementes (8,1 mil t em 2024, em queda de 19% vs. 2023). Exportações de óleo são modestas, mas relevantes frente à baixa produção de sementes.
Perspectivas
O setor deve manter crescimento modesto ao longo da próxima década, sustentado por:
• aumento do consumo interno de óleos saudáveis;
• demanda de rotação no Centro-Oeste;
• possíveis oportunidades de mercado diante de interrupções globais (ex.: guerra na Ucrânia).
Entretanto, a expansão dependerá de:
• redução de custos logísticos;
• maior suporte tecnológico para manejo climático e fitossanitário;
• políticas de incentivo à diversificação agrícola e uso em biocombustíveis.
O girassol no Brasil é uma cultura de nicho, mas com importância estratégica crescente. Goiás lidera a expansão, apoiado por indústrias locais, cooperativas e pesquisa. O futuro é promissor, mas exige superação de gargalos de logística, clima e rentabilidade frente a culturas concorrentes.
Fonte: USDA. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.