20/Aug/2025
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a suspensão da Moratória da Soja pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode gerar insegurança para o mercado de commodities e ampliar o risco de avanço do desmatamento na Amazônia. O pacto, firmado em 2006, proíbe a compra de soja cultivada em áreas desmatadas no bioma após 22 de agosto de 2008. Os resultados alcançados desde a criação do acordo evidenciam ganhos ambientais e produtivos. Há uma pressão política pelo fim da Moratória da Soja, mas é preciso reconhecer que os resultados positivos da Moratória da Soja alçaram o Brasil à posição internacionalmente reconhecida de comércio responsável. Em 16 anos, a Moratória da Soja contribuiu para a redução do desmatamento na Amazônia concomitantemente com o aumento da produção do grão.
Jogar fora a Moratória da Soja é apostar na insegurança para o próprio mercado e as exportações. Dados citados pelo IPAM, com base em levantamento da Agrosatélite, indicam que 124 municípios estão incluídos no monitoramento do pacto, representando 98% da área cultivada com soja na Amazônia na safra 2022/2023. A entidade calcula que, nessas localidades, a média anual de desmatamento caiu 69%, de 11.424 Km²/ano entre 2002 e 2008 para 3.526 Km²/ano entre 2009 e 2022. No mesmo período, a produção cresceu: a safra 2022/2023 registrou produtividade 15,9% superior à fase anterior, acompanhada de aumento de 6,2% na área plantada. O IPAM acrescenta que, desde o início da moratória, a área de soja na Amazônia cresceu 4,5 vezes, passando de 1,64 milhão para 7,28 milhões de hectares. Mato Grosso concentra 26% da área nacional do grão e 65 dos municípios sob monitoramento.
Cerrado e Amazônia respondem juntos por 64% da área cultivada no País, segundo análise do instituto com base em dados do MapBiomas. Em 2024, o setor da soja exportou mais de US$ 52 bilhões. A preservação dos biomas é determinante para a produção agrícola brasileira. Amazônia e Cerrado são centrais para a produção agrícola na medida em que oferecem um bem essencial para o crescimento de qualquer plantio: a água. Sem floresta não tem chuva e, sem chuva, não tem produção. A decisão do Cade foi anunciada na segunda-feira (18/08), ao atender pedido de entidades do setor produtivo que apontaram indícios de cartel de compras e restrições além da legislação nacional. O despacho suspendeu a coordenação entre tradings no âmbito da moratória, proibiu auditorias conjuntas e listas de conformidade, sob pena de multa diária de R$ 250 mil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.