18/Aug/2025
Os preços externos da soja e do farelo estão em alta, impulsionados pela menor relação estoque/consumo final nos Estados Unidos nesta temporada, que se encerra neste mês. A queda na relação estoque/consumo, por sua vez, se deve às maiores demandas norte-americana e externa na safra 2024/2025. Estimativas apontando menor produção de soja na temporada 2025/2026 nos Estados Unidos também dão suporte às cotações. Nesse cenário, a paridade de exportação subiu no Brasil, e os produtores estão ainda mais otimistas com as vendas externas nesta temporada, sobretudo à Ásia, por conta do estreitamento da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Dados divulgados no dia 12 de agosto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam o estoque final da safra 2024/2025 dos Estados Unidos em 8,99 milhões de toneladas, quedas de 5,7% frente ao volume indicado no relatório anterior e de 3,6% em relação ao da safra passada (2023/2024).
Esse reajuste está atrelado ao maior consumo doméstico, projetado em 68,82 milhões de toneladas, aumentos de 0,4% entre os dois últimos relatórios e de 5,2% frente à safra anterior. O USDA estima as exportações de soja dos Estados Unidos em 51,03 milhões de toneladas até o final deste mês, 0,5% acima do divulgado no relatório passado e 10,3% superior aos embarques da safra anterior. Deste total, 95% já foram escoados pelo país norte-americano até 7 de agosto. Além da menor relação estoque/consumo final na temporada 2024/2-25, o USDA reduziu a estimativa de produção de soja nos Estados Unidos para a safra 2025/2026 em 1% frente ao relatório anterior e em 1,7% em relação à safra passada. Diante disso, o contrato de primeiro vencimento (Agosto/2025) negociado na Bolsa de Chicago, está cotado a US$ 10,08 por bushel, alta de 3,8% nos últimos sete dias.
Quanto ao farelo de soja, o que chamou a atenção no último relatório do governo norte-americano é o aumento nas importações: a projeção é que a União Europeia adquira 19,9 milhões de toneladas do derivado na temporada 2024/2025 (que se encerra em setembro/2025), volume 5,9% maior que o estimado no relatório de julho e expressivos 20,34% superior à quantidade importada na safra 2023/2024. A Indonésia deve adquirir 6,2 milhões de toneladas (até o final do próximo mês), 3,3% acima do penúltimo relatório e expressivos 22,7% a mais que o total importado na temporada passada. Diante disso, na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2025 do farelo de soja apresenta valorização de significativos 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 310,96 por tonelada. Os futuros do óleo de soja são pressionados pela valorização do farelo, além do reajuste para baixo no consumo dos Estados Unidos, sobretudo por parte do setor industrial.
De acordo com o USDA, o consumo doméstico de óleo de soja deve somar 12,17 milhões de toneladas até o final deste mês, 1,13% inferior ao da safra passada. Deste volume, 46% devem ser destinados ao setor industrial e 54%, ao alimentício, enquanto as vendas para o setor de alimentos são projetadas para crescer 3%, as para o setor industrial podem recuar 5,7%. Diante disso, o contrato Agosto/2025 do óleo de soja, na Bolsa de Chicago, tem baixa de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 1.146,17 por tonelada. O Brasil segue liderando a produção e a exportação de soja no mundo, com quase 170 milhões de toneladas colhidas nesta temporada (2024/2025), sendo 169 milhões de toneladas estimadas pelo USDA e 169,66 milhões de toneladas projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As exportações brasileiras (de outubro/2024 a setembro/2025) seguem previstas pelo USDA em 102,1 milhões de toneladas e o esmagamento, em 57 milhões de toneladas.
A Conab, por sua vez, projeta os embarques brasileiros em 106,3 milhões de toneladas e o esmagamento, em 57,09 milhões de toneladas, nesta temporada (de janeiro a dezembro/2025), ambos recordes. Ainda assim, o estoque de passagem da safra 2024/2025 é estimado pela Conab em 3,9 milhões de toneladas, mais de 4 vezes acima do estoque final da safra anterior. Esse cenário limita o movimento de alta no preço nacional. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,3%, cotado a R$ 140,85 por saca de 60 Kg, mas chegou a alcançar R$ 141,83 por saca de 60 Kg no dia 13 de agosto, o patamar mais alto, em termos nominais, desde 12 de dezembro do ano passado.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 133,31 por saca de 60 Kg, tendo atingido no dia 13 de agosto o maior nível desde 2 de janeiro deste ano. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram alta de 1,8% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem avanço de 1,3% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.069,45 por tonelada, o maior patamar desde 26 de janeiro do ano passado. O farelo de soja apresenta valorização de 0,6% no mesmo comparativo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.