14/Aug/2025
Segundo a cooperativa Coamo, a pressão financeira dos últimos dois anos levou produtores a anteciparem a venda de grãos, contrariando o hábito de manter estoques para negociar em períodos de preços mais altos. Quando o produtor está capitalizado, ele prefere manter o grão estocado. A moeda dele é sacas de soja. Mas, com aperto de rentabilidade e crédito, ele precisou vender mais cedo para pagar as contas. Os juros a 15% ao ano inviabilizam investimentos privados em armazenagem, o que obriga a cooperativa a liderar a expansão da capacidade. A Coamo, que processa 9 mil toneladas de soja por dia em três indústrias e atende 32,5 mil cooperados, sendo 70% pequenos produtores, investirá cerca de R$ 1 bilhão para ampliar o espaço estático de 6,2 milhões para 7 milhões de toneladas até o fim de 2025. O plano inclui ainda um porto multicargas em Itapoá, Santa Catarina, com operação prevista para antes de 2030. A falta de espaço pode forçar vendas em períodos menos favoráveis.
É uma decisão comercial que nem sempre é a melhor, mas é necessária quando não há onde guardar o produto. A BrasilAgro explicou que, com os juros atuais, muitos produtores preferem vender a produção em vez de investir na própria armazenagem. A taxa de equilíbrio para viabilizar esse tipo de investimento é de cerca de 10% ao ano. Acima disso, como no cenário atual de 15%, compensa mais entregar o produto às tradings e pagar pelo serviço de armazenagem que elas oferecem. Quando o custo do crédito cai, é possível manter os grãos estocados por mais tempo e buscar melhores preços no segundo semestre. No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a limitação logística é ainda mais crítica. O Fazendão lembrou que a região colheu 32 milhões de toneladas este ano, com crescimento médio anual de 11% na última década. Mantido esse ritmo, o volume pode ultrapassar 90 milhões de toneladas em dez anos. A logística não acompanhou o crescimento da produção.
Para reduzir o gargalo, o Fazendão construiu um terminal em Gurupi, no Tocantins, conectado à malha ferroviária, e está licenciando um porto em Barcarena, no Pará. A pavimentação de um trecho de 90 quilômetros da BR-242 para ligar o Vale do Araguaia, em Mato Grosso, à Ferrovia Norte-Sul é importante. Essa conexão mudaria a realidade logística da região. O Arco Norte já responde por 34,5% da soja exportada pelo Brasil, cerca de 34,5 milhões de toneladas, e quase metade do milho, aproximadamente 19 milhões de toneladas, consolidando-se como um corredor estratégico de escoamento. O caminho para enfrentar a pressão sobre a infraestrutura combina investimentos estruturantes com mais industrialização nas áreas produtoras. Processar a matéria-prima na origem reduz custos de transporte e armazenagem e traz mais estabilidade para as cadeias comerciais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.