11/Aug/2025
As negociações envolvendo soja e derivados estão mais aquecidas no Brasil neste começo de agosto. Esse cenário se deve ao interesse internacional, sobretudo por parte da China, e à maior necessidade de indústrias esmagadoras nacionais. Inclusive, a disputa entre demandantes externo e doméstico elevou os valores dos prêmios de exportação da oleaginosa no Brasil. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque programado para setembro/2025, os prêmios do lado comprador são de +US$ 2,15 por bushel e do lado do vendedor, de +US$ 2,25 por bushel, este é maior valor desde 2022, considerando-se período equivalente de anos anteriores. No dia 31 de julho, as ofertas estavam em +US$ 1,75 por bushel do lado do comprador e os vendedores estiveram ausentes. Há um ano, os prêmios haviam sido ofertados em +US$ 1,15 por bushel por compradores e em +US$ 1,35 por bushel por vendedores.
As vendas externas em julho evidenciam a aquecida demanda internacional pela soja brasileira. Em julho, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o volume escoado foi recorde para o mês, somando 12,25 milhões de toneladas, mas houve recuo de 8,7% frente ao de junho/2025. Na parcial deste ano (de janeiro a julho), os embarques são recordes, totalizando 77,2 milhões de toneladas do grão. Apesar da aquecida demanda, a significativa desvalorização do dólar frente ao Real impede fortes avanços nos preços domésticos. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,6%, cotado a R$ 139,04 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 132,17 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam avanço de 0,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas) e de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Os preços externos da soja também estão em alta, influenciados pela firme demanda pelo grão dos Estados Unidos. O contrato de primeiro vencimento (Agosto/2025) negociado na Bolsa de Chicago está cotado a US$ 9,71 por bushel, alta de 1% nos últimos sete dias. Quanto aos derivados, o Brasil exportou 2,107 milhões de toneladas de farelo de soja em julho, 14,5% a mais que o volume de junho/2025 e 7,2% superior ao escoado há um ano. A Tailândia segue como o principal destino do farelo de soja brasileiro, mas a China chamou a atenção em julho, foram 105,6 mil toneladas do derivado embarcados ao país asiático no mês, sendo que o último registro de exportação de farelo a este destino havia sido em abril.
Vale lembrar que a China não é uma grande importadora de farelo de soja, mas, sim, de soja em grão para processamento interno. A postura compradora do derivado influenciou o mercado internacional, uma vez que eleva a disputa com os demais países consumidores. Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2025 do farelo de soja tem alta de significativos 4,2% nos últimos sete dias, a US$ 300,60 por tonelada. Na semana passada, o contrato de primeiro vencimento do farelo de soja havia registrado o menor valor desde 1º de março de 2016. No mercado brasileiro, os valores do farelo de soja apresentam leve avanço de 0,1% nos últimos sete dias. Embora a liquidez para o farelo tenha crescido, os consumidores evitam adquirir grandes volumes, tendo expectativas de maior oferta do derivado diante da intensificação do processamento da soja para suprir a demanda por óleo.
Vale lembrar que a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel aumentou para 15% (B15) agora em agosto, e a medida tende a elevar a disputa pelo subproduto nacional com o setor alimentício. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta valorização de 0,6% nos últimos sete dias, para R$ 6.975,87 por tonelada. A valorização interna do óleo de soja, contudo, é limitada pela diminuição na demanda externa. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 126,95 mil toneladas de óleo de soja em julho, quedas de 21,3% frente ao mês anterior e de 32,3% em relação a julho/2024. Na parcial deste ano, os embarques somam 901,08 mil toneladas, 20% a mais que no mesmo período de 2024. Essa diminuição nos embarques de óleo em julho se deve à menor demanda da Índia, principal importadora global do derivado. Esse cenário pressiona os preços futuros do derivado. Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2025 do óleo de soja tem baixa de 3,7% nos últimos sete dias, a US$ 1.180,34 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.