06/Aug/2025
Segundo a Associação Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (ANDC), o aumento da mistura dos biocombustíveis nos combustíveis fósseis aconteceu de forma abrupta, sem conversar com o setor e sem um estudo técnico qualificado. A previsão é de aumento de preços para o consumidor final, principalmente no diesel, cuja mistura ao biodiesel é mais complexa para evitar a borra (acúmulo de resíduos sólidos no motor). Por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a partir de 1º de agosto a mistura do etanol na gasolina passou de 27% para 30% e do biodiesel no diesel de 14% para 15%. A mudança seria feita em março, mas foi adiada por questões inflacionárias.
Na ocasião, a associação pediu ao Ministério da Fazenda um estudo de impacto econômico da mudança, o que nunca foi realizado. A forma como se implementam essas políticas, “meio no susto”, é muito ruim. Os processos operacionais, os conflitos, os planejamentos, tudo isso aumenta muito os custos. A medida pegou o setor de surpresa. Eram esperados novos percentuais só quando a situação econômica do País estivesse estabilizada, para evitar a pressão inflacionária. Apesar do aumento da mistura constar na lei do Combustível do Futuro, não havia prazo para sua realização. Homogeneizar os biocombustíveis com os fósseis é complexo e relevante, precisa de preparação das bases das distribuidoras.
Além disso, é uma prestação de serviço ambiental que as distribuidoras prestam e não é reconhecido. A previsão é de que haja aumento entre R$ 0,05 a R$ 0,10 por litro, já que os biocombustíveis são mais caros do que os fósseis, ao que ainda se somam os custos de adaptação e modernização das bases das distribuidoras. Será necessário trocar bombas, adequar a infraestrutura de formulação, aumentar as baias de carregamento, entre outras ações. O custo é elevado. Seria preciso comunicação e atenção do governo para isso. No entanto, a linha de atuação do Ministério de Minas e Energia (MME) é ao contrário: criminalizar o setor. Há um risco inerente ao processo.
As distribuidoras recebem uma missão de modo súbito e precisam operá-la, senão ficam irregulares e caem na criminalidade. O problema em relação à mistura do etanol à gasolina é menor. Mas, no caso do biodiesel, o processo envolve densidades diferentes e há elementos que interferem na mistura, como temperatura, que prejudicam as distribuidoras do sul do País. Além disso, os caminhoneiros também terão que rever custos, o que deve refletir no frete. As empresas vão enfrentar grandes desafios para segurar esse biodiesel. A política pública tem que pensar o País, o interesse da sociedade. O problema vai afetar tanto as pequenas distribuidoras, representadas pela ANDC, como as grandes. É preciso ficar claro que o aumento de preço veio do governo, não do empresário.
Para tentar resolver o impasse, a sugestão são linhas de financiamento. O governo poderia ajudar criando linhas de crédito para modernizar as bases, melhorar a infraestrutura, ampliar a capacidade, criar mecanismos de coleta de amostras, mudar a metodologia de homogeneização, aprimorar o carregamento. É preciso apoio. O risco para os motores a diesel dos caminhões é confirmado pela Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Segundo a Abrava, a decisão do governo vai onerar ainda mais o transporte rodoviário de cargas e o agro brasileiro. Será necessário aumentar o ritmo das manutenções com mais trocas de filtros, de bicos e bombas injetoras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.