04/Aug/2025
Os preços domésticos da soja estão em alta, refletindo, além da crescente disputa entre compradores brasileiros (sobretudo para processamento interno) e internacionais, a valorização cambial (US$/R$). Em julho (até o dia 28), o Brasil escoou 10,44 milhões de toneladas de soja, com a média diária de embarques superando em 12,4% a de julho/2024. Os dados, divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) evidenciam demanda externa firme, diante da necessidade de tradings completarem cargas nos portos brasileiros. Esse cenário elevou os prêmios de exportação para os maiores patamares em três anos. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque programado para agosto/2025, os prêmios do lado comprador são de +US$ 1,30 por bushel e do lado do vendedor, de +US$ 1,75 por bushel. No dia 30 de julho, especificamente, os vendedores ofertaram + US$ 1,85 por bushel, o maior valor desde julho de 2022, considerando este mesmo período para o vencimento em agosto. Além disso, o aumento das tarifas dos Estados Unidos para vários países, inclusive para o Brasil, pode elevar a demanda estrangeira pelo complexo soja nacional.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,8%, cotado a R$ 138,22 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 132,88 por saca de 60 Kg. No comparativo entre junho e julho, os Indicadores avançaram respectivos 1,8% e 1,1%, para R$ 136,96 por saca de 60 Kg e R$ 130,47 por saca de 60 Kg, os maiores valores mensais deste ano (calculado por meio do IGP-DI de junho/2025). Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas), mas recuo de 0,7% no mercado de balcão (pago ao produtor). No comparativo mensal, houve estabilidade no mercado de balcão e elevação de 1,3% no de lotes. As cotações do farelo e do óleo de soja também estão firmes.
Para o farelo, a maior demanda vem dos setores de aves e suínos, que demonstraram interesse em recompor seus estoques. Nos últimos sete dias, o derivado se mantém praticamente estável. Já entre junho/2025 e julho/2025, se desvalorizou 5,6% e, em relação a julho do ano passado, 24,7%. Quanto ao óleo de soja, o impulso continua vindo principalmente da forte demanda do setor de biodiesel. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra valorização de 1,6% nos últimos sete dias, para R$ 6.931,95 por tonelada. No comparativo mensal, a alta foi de 5,8%, e, sobre julho/2024, de 9,8%. Os contratos futuros de soja estão pressionados pela valorização do dólar frente a uma cesta de moedas, cenário que tende a afastar importadores dos Estados Unidos. Além disso, a fraca demanda global, sobretudo da China pela soja dos Estados Unidos, intensifica as baixas. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2025 da oleaginosa está cotado a US$ 9,61 por bushel, expressivos 4,2% abaixo do registrado na semana anterior. De junho para julho, a queda foi de 3,9% e, no comparativo anual, de 9,6%.
O contrato Agosto/2025 do farelo de soja tem baixa de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 288,58 por tonelada. O preço médio em julho foi 6,6% menor que o de junho e significativos 24,9% inferior ao de julho/2024. Quanto ao óleo de soja, embora os futuros apresentem recuo de 1,9% nos últimos sete dias, a US$ 1.225,32 por tonelada, a média mensal subiu 9,5% frente a junho/2025 e 19,4% sobre o mesmo período de 2024. As condições climáticas favoráveis às lavouras de soja no Hemisfério Norte também pesam sobre as cotações externas. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 27 de junho, a qualidade das lavouras de soja nos Estados Unidos melhorou, com 70% da safra em condição boa ou excelente, ante os 68% da semana anterior. Conforme o USDA, 76% da temporada havia florescido, praticamente o mesmo percentual do mesmo período do ano passado (75%) e dentro da média histórica. A formação de vagens atingia 41% da área, ante os 42% registrados em 2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.